Se nada for feito, tragédias voltarão a ocorrer, cita geóloga | Boqnews
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Chuvas

24 DE FEVEREIRO DE 2023

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Se nada for feito, tragédias voltarão a ocorrer, cita geóloga

Litoral vive nova tragédia com dezenas de mortes e famílias desalojadas

Por: Vinícius Dantas
Da Redação

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Fortes chuvas, quedas de árvores e deslizamentos marcaram o último final de semana na região da Baixada Santista e litoral norte de São Paulo.

Com isso, centenas de moradores em área de risco estão desabrigados. Dezenas morreram.

De acordo com Levir Nunes Dias, agente da Defesa Civil, entre os dias 18 (sábado) a 22 (quarta-feira) houve o registro de 50 ocorrências, porém nada grave e nenhuma morte.

Contudo, Guarujá possui atualmente mais de 220 vítimas desalojadas, após chuva de quase 400 milímetros, sendo o maior índice em 70 anos na Cidade, entre sábado (18) e domingo (19).

Iniciativas

A Defesa Civil está em estado de atenção. Sobre as ocorrências, ele conta que foram sobre árvores, rachaduras e que moradores dessas áreas tiveram medo, assim ligando e facilitando o processo.

Já a geóloga e ex-vereadora de Santos, Cassandra Maroni, sugeriu iniciativas que devem ser tomadas.

“Creio que falta envolvimento coletivo, incluindo o mapeamento até a operação cotidiana do Plano Preventivo de Defesa Civil”. Ela participou do Jornal Enfoque desta sexta (24).

 

Evitar

Segundo o agente Levir Nunes, o principal exemplo para evitar que esses casos ocorram é a não construção em área proibida.

“Desmatar e construir onde não pode” relembra. Cassandra acrescenta. “O Governo do Estado e os municípios precisam confiar nos alertas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e da Defesa Civil Estadual”.

“Desde que começamos a operar o Plano Preventivo de Defesa Civil no litoral paulista, houve um avanço extraordinário na previsão meteorológica. É possível se adotar medidas de remoção preventiva das áreas previamente mapeadas, com planejamento, responsabilidade política e entrelaçamento com a população”.

Além disso, também houve menção sobre a infraestrutura.

“Implementar uma vigorosa política habitacional, especialmente para a população mais pobre, construindo moradias em lugares geotecnicamente estáveis. Rever as leis de uso do solo que tem direcionado as melhores áreas para os condomínios de alto luxo, empurrando a população pobre para os piores e mais perigosos terrenos”.

Desse modo, em relação a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), a expectativa para este ano é da plantação de cerca de 5 mil árvores em Santos.

No ano passado, a Cidade realizou 4.060 plantios de mudas. Sendo assim, cerca de 50% desse número em encostas, visando melhorar a estabilidade desses terrenos.

Cuidados

No entanto, com esses acontecimentos é preciso atenção aos cuidados para assim evitar futuros riscos. De acordo com o agente da Defesa Civil, a equipe faz orientações, emite alertas, entrega informativos por todos morros e áreas de risco. Desse modo, para se ter noção, segundo ele, cerca de 5 mil panfletos foram entregues.

“A conscientização é difícil, temos esgoto a céu aberto, lixos nas encostas e chuvas, uma junção de fatores”.

A geóloga acrescenta algumas orientações. “Além de coleta de lixo, deve ser implantada rede de esgotamento, internet, iluminação pública, enfim, dotar as áreas de um mínimo de infraestrutura urbana, onde os estudos geológico-geotécnicos aconselharem a fixação das moradias e a mitigação do risco se possível”.

Por que estão ocorrendo tantos desastres naturais? 

Cassandra responde:

“Não creio que esses desastres sejam naturais. Se somos capazes de mapear as áreas de perigo, se temos uma previsão meteorológica precisa (e onde não houver temos que instalar radares potentes) se sabemos que nessa crise climática os eventos pluviométricos críticos serão cada vez mais frequentes, o que há de natural nisso? A chuva pode ser da natureza, mas as consequências são dadas pelas escolhas de crescimento das cidades”.

Por fim, ela conta a expectativa para o futuro. “Confesso que quando vi prefeito, governador e presidente da República juntos conversando como enfrentar as consequências das chuvas, fiquei otimista. É muito possível que se aplicarmos minimamente esses itens, os efeitos podem ser minimizados num futuro breve”.

Dessa forma, é difícil a conscientização, pois algumas pessoas que se encontram nesses locais não tem a pretensão de sair. Contudo, é necessário que ocorram essas mudanças e também que as comunidades possam colaborar realizando as orientações e intervenções de obras necessárias para que novas tragédias não voltem a ocorrer – como em Guarujá em 2020, com dezenas de mortes, e que não registrou vítimas fatais desta vez, a despeito do volume das chuvas que atingiram a cidade no último final de semana.

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