O Serviço Militar Obrigatório determina que os alistados e selecionados sirvam o Exército Brasileiro por um ano. Um curto período de tempo, mas suficiente para se adquirir disciplina, coragem e respeito, além, é claro, de fortes amizades. Isso motivou os santistas, que, em 1958, incorporaram-se a 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, que ficava próximo ao Clube Atlético Santista, entre a Rua Luiz de Camões e Avenida Washington Luiz, a iniciarem encontros de maneira nunca antes vista no País, e que completaram 50 anos ininterruptos no último dia 25 de outubro.
“Isso não existe em lugar nenhum! É uma iniciativa marcante, principalmente por se tratar de um grupo de pessoas que estiveram juntas por apenas um ano, mas firmaram uma relação de amizade e companheirismo longa e duradoura, que, como se nota, permanece até hoje”, comemora o Capitão Manoel Ribeiro dos Santos, um dos 221 jovens que, à ocasião, ingressaram no Serviço Militar e coordenador dos trabalhos referentes à comemoração.
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Grupo de 1958 comemora os 50 anos com muita alegria |
À festa, realizada na sede do Clube 2004, em Santos, compareceram 75 ex-soldados da classe de 1939, da qual os participantes daquele grupo faziam parte em 1958. A celebração contou com apresentações da banda do 1º Brigada de Artilharia Antiaérea (1ª Bda. AAAé), como homenagem proveniente do General da Brigada, Nelson Santini Júnior. “A vontade de estar presente nessa tradicional ocasião fez com que, inclusive, um dos remanescentes daquela turma viesse de Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, mesmo em cadeira de rodas, prestigiar o evento”, recorda, emocionado, o também ex-soldado Carlos Alberto Rodrigues, o Cadinho.
Entre os convidados, estava o General de Brigada Valter da Costa, membro da classe de 1939 que esteve no 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado e que, ainda em 1958, ao prestar um concurso para seguir carreira militar e ser aprovado, passou a galgar posições no Exército Nacional. “Por motivos de missões especiais, ele não pôde vir em outras ocasiões, mas fez questão de comparecer à desse ano. E, além disso, embora tenhamos separado uma mesa específica para as grandes patentes do Exército, ele insistiu em sentar-se conosco, dizendo que também fazia parte daquela turma, o que muito no honrou”, conta Capitão Manoel.
Os encontros realizados há 50 anos não contam apenas com os ex-soldados da ocasião, tendo também a presença dos superiores do grupamento, como sargentos, tenentes, dentre outros. Isso, para Cadinho, reforça o teor inusitado e de importância do encontro, até pelo fato de nem todos terem seguido carreira. “Quem se irmanou à festa foi o empresário Pepe Altstut, que, na Argentina, foi de um grupo de Artilharia e se identificou com nossa causa”, adiciona.
Esse, curiosamente, é o único encontro anual dos ex-companheiros de caserna, embora, anualmente, os encontros ocorram geralmente nessa mesma época do ano. “O pessoal fica sem se falar direito ao longo de todo o ano, mas quando chega nesse período, um já liga para o outro, perguntando quando será a festa. É quando o pessoal começa a se organizar. Todo ano é assim”, explicam os soldados.