Prefeituras divergem sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras na área de saúde | Boqnews
Máscara de proteção facial. Foto: Divulgação

Polêmica

31 DE MARÇO DE 2023

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Prefeituras divergem sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras na área de saúde

Santos derrubou a obrigatoriedade do uso de máscaras, mas cidades como Praia Grande, Cubatão e Itanhaém ainda a mantém

Por: Fernando De Maria

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Desde o último dia 23, Santos entrou na lista dos municípios que liberaram o uso de máscaras em unidades de saúde.

Dessa forma, a medida contraria até a indicação da Secretaria de Saúde do Estado, que trata do uso obrigatório em unidades de saúde públicas ou privadas.

Não bastasse, a própria Anvisa publicou nesta sexta (31) uma nova recomendação sobre o uso dos equipamentos. (veja abaixo)

A retirada da obrigatoriedade ocorreu seis meses após entrar em vigor o Decreto 9.810, assinado pelo prefeito Rogério Santos (PSDB).

O decreto obrigava o uso obrigatório de máscara facial não profissional para atendimento em unidades de saúde.

A revogação provocou indignação de especialistas, que ressaltam os riscos de contaminação em unidades onde a proliferação de vírus é constante.

Hospitais e ambulatórios se adequam à liberação, apesar de muitos profissionais da saúde questionarem a medida, que os coloca em risco, assim como os próprios pacientes e acompanhantes.

Em nota, a Prefeitura santista alega que a medida “considerou a ampla vacinação contra a covid-19: 86,8% da população vacinável tem as duas doses iniciais de vacina contra a covid-19 e 72,7% o primeiro reforço”.

“Importante lembrar que os públicos-alvo para a vacina bivalente precisam ter ao menos 2 doses anteriores para ter acesso à vacina de segunda geração”.

“Imunossuprimidos devem ter 3 doses. Salientamos, ainda, que as policlínicas abrem diariamente, inclusive aos finais de semana, para vacinação”.

Além disso, complementa a nota oficial, há o  fornecimento de máscaras às unidades de saúde para funcionários que desejarem manter o uso durante o período de trabalho.

Nada consta, no entanto, para pacientes que queiram usar o acessório, mas não o dispõem na hora do atendimento.

Mesmo raciocínio

Mesma linha de raciocínio da Prefeitura de Peruíbe, que aponta a elevada taxa de vacinação como justificativa para a liberação.

Em nota, a Administração informa que as quedas de 96,9% de óbitos e de 92% de internações pela doença, em comparação ao mesmo período do ano anterior, contribuíram para a retirada da obrigatoriedade.

“Além disso, também considerou o avanço na vacinação, com 99,41% da população com esquema completo, e segue aplicando a vacina bivalente para os grupos elegíveis”.

“Entretanto, o uso continua sendo recomendado nestes locais como auxílio no combate à disseminação da covid-19 e outras doenças”, reconhece.

Ou seja, desobriga, mas reconhece a necessidade, tornando-se o entendimento dúbio.

Dessa maneira, mesma situação ocorre em Guarujá, que também desobrigou o uso de máscaras nas unidades de saúde.

No entanto, “há a recomendação do uso de máscaras de proteção facial para grupos de risco da covid-19”.

Ou seja, idosos, pessoas com comorbidades, imunocomprometidas ou que apresentem sintomas gripais.

“A decisão leva em conta os baixos índices de casos, internações e mortalidade da doença no Município, além do avanço da imunização contra a covid-19 e demais medidas de enfrentamento à pandemia”, informa em nota.

Dessa forma, libera, mas também recomenda simultaneamente, deixando os pacientes em dúvida.

Nem todas aderem

Pelo menos três cidades que responderam à Reportagem não aderiram à medida tomada por Santos.

Casos de Praia Grande, Itanhaém e Cubatão, que  obriga o uso em todos os espaços destinados à Saúde (PS, UBS, Policlínica).

Não bastasse, Praia Grande vai além.

Também determina o uso do equipamento no transporte público.

E isso inclui os dois Terminais Rodoviários, Tatico e Tude Bastos.

Santa Casa

Dessa forma, a Santa Casa segue a recomendação do Município, mas mantendo a obrigatoriedade em setores considerados críticos. Foto: Divulgação

Hospitais

Em razão da desobrigatoriedade, conforme o decreto municipal, hospitais também se adequam à nova determinação.

Na Santa Casa, o uso de máscaras permanece obrigatório em unidades críticas, como os centros Cirúrgico e Obstétrico, além das UTIs.

Assim, caso ocorram novas determinação do Estado, Município ou Comitê Interno de Biossegurança, as orientações passarão por reavaliação, informa a Assessoria de Comunicação do hospital.

Na Beneficência Portuguesa, a liberação ocorre também apenas em parte das setores, como na Ala da Administração.

Dessa forma, as alas de risco de contaminação, como isolamento e centro cirúrgico, não sofreram mudanças.

Assim, o uso em outros setores, como o PS, fica a critério do paciente.

Conforme a assessoria de imprensa da Beneficência, o PS do hospital registra aumento nos casos de síndromes respiratórias, com sintomas brandos, não justificando a solicitação de internação.

Em nota, a Unimed – que conta com um complexo de saúde na Vila Mathias – emitiu a seguinte nota, via Assessoria de Comunicação.

“Mesmo com a desobrigação do uso de máscaras em estabelecimentos que prestem serviço de saúde, a Unimed de Santos procederá com cautela, mantendo em alguns setores e determinados processos o uso de máscaras”.

Por sua vez, a ação terá reavaliação em 30 dias.

Médico infectologista Evaldo Stanislau critica as prefeituras que derrubaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em unidades de saúde. “É um equívoco do começo ao fim este tipo de medida”. Foto: Jornal Enfoque/Arquivo

Medida equivocada

Com larga experiência como médico e professor universitário, o infectologista Evaldo Stanislau critica a liberação da obrigatoriedade do uso das máscaras.

“É uma medida equivocada”, lamenta.

Além disso, ele esclarece que independente da Covid-19, os ambientes da área de saúde são frequentados por pessoas que apresentam algum sintoma e procuram estes locais em busca de diagnóstico ou tratamento.

“Esta clientela já é de maior risco. E existem também os acompanhantes, além dos profissionais de saúde que estão continuamente expostos neste ambiente”, enfatiza.

Stanislau descontrói a teoria dos que defendem o fim do uso do equipamento no ambiente de saúde alegando queda nos números e mortes da Covid-19.

Dessa forma, na última semana, o Brasil ultrapassou a marca de 700 mil vítimas, consolidando-o na triste vice-liderança global da doença.

“Quem garante que neste momento não existem outros patógenos respiratórios começando a circular ou novas variantes?”, indaga.

Conforme ele, os dados sobre a diminuição da circulação da Covid são “frágeis”, pois não há testagem.

“Muitos apresentam problemas respiratórios e quando a gente faz o teste, os resultados são positivos”, enfatiza.

Não bastasse, lembra o médico, existem outros patógenos de transmissão aérea, como a gripe e tuberculose.

“As autoridades se equivocam redondamente. O ambiente de saúde não merece menos cuidado, mas mais cuidado”, ressalta.

Lições da Covid

“E isso é aproveitar a lição da Covid e adotar uma medida simples e barata, que impediria a circulação não só do vírus da Covid, mas de outros patógenos também”, salienta.

Assim, Evaldo ressalta que o elevado índice de vacinação, alegado pelas prefeituras, também não justifica o fim da obrigatoriedade.

“A vacina não evita a infecção, mas formas graves da doença”, enfatiza.

Não bastasse, a proteção da vacina não é eterna.

“Se a pessoa não tomar as doses de reforço, a proteção imunológica cairá, aumentando o risco com mais pessoas frequentando ambientes de saúde sem máscaras.

“É um equívoco do começo ao fim este tipo de medida”, lamenta o profissional.

Sem resposta

As demais cidades da região não citadas na Reportagem não responderam até a conclusão deste texto.

 

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