Desde que os confrontos entre a polícia e traficantes surgiram nos morros de Santos na última terça-feira, a presença de alunos nas escolas dos morros, especialmente as localizadas em bairros mais afetados, como Nova Cintra e São Bento, além do próprio Saboó, na Zona Noroeste, caiu consideravelmente.
Conforme a secretaria de Educação, a queda registrada em unidades nestas localidades chegou a 40% na terça (1) e quarta (2).
Dados desta quinta (3) não foram divulgados.
A Secretaria de Educação de Santos informou que as aulas não foram interrompidas na rede municipal de ensino.
Além disso, nem orientou qualquer dispensa dos alunos nem funcionários.
“As unidades de Educação funcionaram normalmente”, ressaltou a secretaria, em nota.
Durante o Jornal Enfoque de terça (1), a secretária de Educação, Cristina Barletta, disse que acataria qualquer decisão dos diretores.
Além disso, respeitaria a posição dos pais em não levar os filhos menores às escolas em razão da situação tensa em localidades da Cidade.
Na terça (1), em razão dos ataques, o próprio transporte escolar – em razão da negativa de motoristas e assistentes – deixou de funcionar, mas voltou normalmente no dia seguinte.
Temor
A diarista Alexsandra (nome fictício) não tem levado seus filhos menores à escola.
Na terça (1), quando os ataques iniciaram, sua filha menor acabou indo, em uma unidade no Morro da Nova Cintra, pela manhã.
Seu ficou mais velho, porém, ficou em casa.
No entanto, a medida que o clima de tensão crescia, o desespero tomou-lhe conta.
Afinal, enquanto trabalhava na casa de uma família, começou a receber mensagens do que estava ocorrendo pelo celular.
Entrou em desespero, principalmente em razão das dificuldades de acesso para contatá-los.
Não bastasse, recebeu a informação que a escola estava dispensando as crianças por falta de veículo escolar no período vespertino.
Por sorte, um parente conseguiu pegar a menina na escola para depois levá-la para casa.
Assim, ela saiu mais cedo do serviço preocupada com o que viria pela frente.
Afinal, uma policial havia sido baleada durante ronda no bairro do Campo Grande, em Santos.
E os autores do crime fugiram em direção aos morros, subindo pelo Marapé.
Resultado: a operação Escudo, com ação da Polícia Militar que estava concentrada em Guarujá, acabou mudando o foco para Santos.
Durante a ‘caçada’ aos bandidos, mais um policial levou um tiro.
Ambos, porém, passam bem e estão internados na Santa Casa de Santos.
Clima tenso
No entanto, o clima de terror só cresceu até agora.
“A polícia ronda por aqui direto”, diz.
Ela, que preferiu omitir o nome, optou em não deixar seus filhos irem para a escola – e evitar sair de casa – até agora.
“Estou chegando mais cedo, pois eles (a polícia) estão aqui todo dia. Agora há pouco, meu filho me ligou pedindo para vir para a casa, pois eles já estavam aqui nas imediações”, relata.
Ela mesmo tem alterado sua rotina temendo a segurança de sua família.
O caso de Alexssandra não é exclusivo e se reflete na queda de 40% na frequência de crianças que não foram às salas de aula por causa do clima de terror nos morros de Santos.
Ou seja, a violência afeta diretamente a Educação.
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