Em 5 anos,Santos registrou 347 casos oficiais de violência sexual contra menores | Boqnews

Maio Laranja

05 DE MAIO DE 2022

Siga-nos no Google Notícias!

Em 5 anos,Santos registrou 347 casos oficiais de violência sexual contra menores

Trata-se de uma média de 70 casos por ano – ou quase 6 por mês.  A psicóloga Maria Izabel Stamato alerta: é preciso ouvir mais as crianças e adolescentes.

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Santos registrou, entre o período de 2016 a 2020, 347 casos de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

Trata-se de uma média de 70 casos por ano – ou quase 6 por mês.  Mais de um por semana.

Isso de forma oficial.

Afinal, infelizmente, muitas vezes, especialmente nas classes mais abastadas, onde menores são atendidos em unidades de saúde particulares, há pressão de familiares para que os casos – envolvendo familiares com parentes com idades inferior a 18 anos – não se tornem públicos.

Não bastasse, ainda que o registro seja obrigatório.

Dessa forma, tais números não entram nesta triste aritmética.

Ao contrário do atendimento público (SUS), onde o registro é compulsório.

Portanto, neste universo oficial, as meninas santistas vítimas da violência representam 83,5% – 290 de um total das 347 casos neste período.

Não bastasse, a pandemia, com ausência das crianças nas escolas, contribuiu para o aumento da gravidade de casos de violência não só sexual, mas também doméstica.

Portanto, os dados só tomam como referência o primeiro ano da pandemia.

Afinal, em 2020, os números até caíram em relação aos anteriores, mas podem ocorrer distorções.

Assim, o próprio estudo Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde de Santos, lançado no ano passado – o mais recente  -, traz mais dúvidas que certezas em relação aos números.

“A tendência de aumento das notificações de 2016 a 2019 se mostrou diferente para o ano de 2020, com redução de 88% (67 casos).

Seria algum impacto da pandemia de COVID19, que em 2020, recomendações como manter isolamento, evitar aglomerações, lockdown foram implantadas em todos os municípios??

Ou, a implementação de serviços , como a Centro de Controle Operacional, com monitoramento 24 hrs estaria mostrando algum impacto??

Ou devemos pensar, na subnotificação??”, resume.

Violência sexual

Entenda-se que violência sexual não se restringe ao estupro, o principal, aliás.

Mas também ao assédio sexual, pedofilia, pornografia infantil e exploração sexual.

Em meio a este triste cenário, a psicóloga social e professora universitária, Maria Izabel Calil Stamato, alerta: é preciso ouvir mais as crianças e adolescentes.

“Os educadores devem estar capacitados e comprometidos”, enfatiza.

Afinal, sintomas de crianças e adolescentes que clamam por apoio e ajuda são claros e devem ser observados atentamente.

“Caso contrário, há uma tendência para auto-mutilação, pensamentos suicidas e até o próprio suicídio”, enfatiza.

“Os filhos não são propriedades dos pais”, acrescenta.

“A violência viola os direitos das crianças”, diz.

A psicóloga participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta quinta (5), onde falou sobre o Maio Laranja e apresentou dados importantes sobre a situação local.

Tabus

Pesquisadora sobre o assunto e presidente da Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil de Santos, a docente explicou detalhes sobre o tema,  desconstruindo tabus.

Ela reconhece que o grande inimigo para o tema se tornar mais público é o “pacto do silêncio, um pacto social onde fica muito difícil mexer em conceitos arraigados, do tipo: ‘briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’ ou ‘o filho é meu e faço o que eu quiser’.

“Engana-se que desconhecidos são os maiores responsáveis pelos abusos contra menores”, enfatiza, listando os pais como os grupos líderes dos atos contra os próprios filhos.

Em 2020, eles representaram 15% do total de autores dos crimes sexuais.

Assim, se forem somados com a participação de mães, o número pula para 20% do total – ou seja, 1 em cada 5 crimes praticados contra menores foi provocado justamente por aqueles aos quais as crianças mais confiam.

Não bastasse, em média, mais da metade dos crimes sexuais ocorre dentro de casa.

Além disso, os casos não se concentram em áreas periféricas.

Assim, bairros considerados de classe média/ média-alta representaram 18 de um total de 65 casos registrados em 2020.

Além disso, Maria Izabel ressaltou também a importância dos pais ou responsáveis “escutarem mais seus filhos”, salientou.

“É importante ouvir mais o que eles falam. A criança precisa se expressar. Temos que ouvir a criança”, acrescenta.

Assim, neste sentido, ela ressalta que é importante também o acompanhamento dos filhos nas redes sociais para evitar a ocorrência de episódios que podem culminar em violências virtuais – e até reais.

Data

Data que surgiu como enfrentamento à violência contra as mulheres e ganhou dimensão após o trágico assassinato da garota Aracely Crespo, aos 8 anos, em Vitória (ES) no dia 18 de maio de 1973.

A data, aliás, se tornou como marco de reflexão para o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, data determinada oficialmente pela Lei 9.970/2000, em memória à menina Araceli.

Ela foi sequestrada, violentada e assassinada em 18 de maio de 1973.

Passados quase cinco décadas, o País convive com outra tragédia: o estupro e assassinato de adolescentes ianomâmis, em Roraima, por garimpeiros.

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) no Senado investiga denúncias de abusos contra crianças e adolescente.

Por sua vez, o senador Paulo Paim (PT-RS) ressaltou que 500 crianças indígenas de até 5 anos morreram no ano passado.

Assim, o Disque 100 é o telefone para denúncias.

Portanto, confira reportagem da TV Brasil.

Programa completo

Quer acompanhar a entrevista completa? Assista

 

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.