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Opiniões

09 DE ABRIL DE 2017

Apreço pelas mentiras

Por: Fernando De Maria

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Em um mundo cada vez mais unido pelo universo digital, os políticos perceberam a potencialidade que a Internet e as redes sociais podem alavancá-los ou destruí-los. Está provado que os que sabem bem aproveitar os recursos disponíveis têm maiores chances de sucesso.

Por sua vez, a tecnologia também traz problemas. Diante da velocidade com que os fatos ocorrem (ou não, mas divulgam-se mentiras sob o argumento de notícias supostamente verdadeiras), o mundo vive hoje na era da Pós-Verdade ou do Pós-Fato.

Isso significa que diante de tantas informações divulgadas, várias delas mentirosas, o desafio é separar o joio do trigo, ou seja, o que é real do engodo. O caso Donald Trump reflete bem esta realidade. A despeito de toda a crítica da imprensa americana, o presidente conquistou parcela dos americanos que se dispuseram a enfrentar filas para votar (o voto não é obrigatório nos EUA).

Por um simples motivo: os eleitores de Trump, vencedor com meros 27% dos sufrágios, não lêem os grandes e tradicionais veículos de comunicação, sempre ácidos em relação ao empresário. Quem garantiu-lhe esta conquista foram os blogs que insistem em divulgar fake news – notícias mentirosas, que atraem uma parcela considerável dos internautas e eleitores. Aliás, 25% das pessoas gostam de ler notícias mesmo sabendo que elas são falsas, pois preferem acreditar em uma verdade, sob o ponto de vista já preconcebido por eles, mesmo que na prática seja uma inverdade.

Uma publicação falsa do Papa Francisco que supostamente teria dado apoio a Trump na campanha eleitoral – fato rechaçado posteriormente – teve 960 mil compartilhamentos, enquanto uma fictícia reportagem que mostrava que a então candidata presidencial Hillary Clinton teria vendido armas para o Estado Islâmico obteve 789 mil compartilhamentos.

O motivo é claro, segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé: não existe fronteira entre verdade e mentira, mas uma narrativa de forças. Quem tem maior poder, consegue comunicar suas ideias com maior força.
Assim, a eleição presidencial do próximo ano entrará efetivamente na era do marketing digital. Quem souber trabalhar conteúdo, planejamento e foco em determinados grupos obterá maiores chances de sucesso. É bom lembrar que a eleição de Trump era algo distante há um ano. Hoje, virou realidade.
Teremos um Trump tupiniquim aqui também? Apesar das denúncias na Lava-Jato, o ex-presidente Lula poderá ser eleito novamente? Indagações ainda sem respostas, assim como a velocidade dos fatos.

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