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22 DE ABRIL DE 2022

Audácia do “novo cangaço”

Por: Humberto Challoub

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O ataque sofrido a uma transportadora de valores na cidade de Guarapuava, no interior do Paraná, repetiu um enredo já conhecido em ações dessa natureza.

Realizadas recentemente em municípios do interior de São Paulo e Santa Catarina, quadrilhas de assaltantes promovem o terror entre a população residente demonstrando elevado grau de planejamento e organização, que desafiam autoridades policiais e, por isso, já ganharam a denominação de “novo cangaço”.

Dispondo de modernos sistemas de informação e fortemente armados, os criminosos agora demonstram disposição de repetir os ataques de forma constante, colocando em dúvida a real capacidade do Estado no combate a esse tipo de crime.

Equipadas com armamentos de última geração – muitos deles de uso exclusivo das Forças Armadas -, as quadrilhas têm demonstrado uma audaciosa pretensão de expandir fronteiras, promovendo suas ações em diversas localidades brasileiras.

Fortalecidos pela negligência histórica de sucessivas administrações públicas, omissas no atendimento das demandas básicas da segurança pública, as quadrilhas hoje também estão inseridas em esferas do poder constituído pela prática recorrente de atos de corrupção e, o que é pior, têm acesso a informações privilegiadas.

Tamanho grau de organização e nível de especialização, as respostas policiais representam mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.

Nesse sentido, torna-se imperiosa a adoção de medidas vigorosas para o restabelecimento do poder do Estado, por meio da adoção de medidas preventivas e investigativas para reconquistar a credibilidade junto as populações das cidades vitimadas.

A mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal tornam-se imprescindíveis para o sucesso na guerra contra o crime organizado, visto que, sem dúvida, contará com o apoio irrestrito da sociedade civil.

A quantificação da violência deixa mais do que clara a urgente necessidade de priorizar investimentos nas instituições policiais brasileiras, com o aperfeiçoamento dos métodos utilizados até aqui e, sobretudo, com a valorização e qualificação dos profissionais que atuam nessas corporações.

Sem contar com infraestrutura adequada, com sistemas de formação deficientes e oferecendo salários incompatíveis com a realidade que a atividade requer, a polícia consegue atender a contento demandas cada vez maiores de combate ao crime.

A sociedade brasileira não pode aceitar passiva a continuidade dessas ações, sem exigir providências concretas das autoridades constituídas para estancar a guerra silenciosa que hoje está estabelecida na prática.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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