“Não são as ervas daninhas
que matam a boa semente,
mas sim, a negligência do
camponês.”
(proverbio zen)
Segundo fiquei sabendo, o prefeito de São Vicente, após relutar, acabou recebendo uma comissão de membros da cultura vicentina. E o tratamento dispensado a essa comissão foi o pior possível. Não deixou qualquer brecha para que a Secretaria de Cultura fosse restaurada.
Fiz e está feito, teria dito o alcaide, possuído que estava pelo espirito de Nero, quando tocou fogo em Roma. Teria dito mais: daqui a três anos vocês elejam outro que promova o retorno do órgão.
Este episódio me lembra algo ocorrido na França, quando o Prefeito de Paris, adotou medidas prejudiciais aos feirantes.
Teve que voltar atrás e acabou perdendo o cargo. Este mimado jovem, apoiador do ex-Ministro Sergio Moro, que almeja ser Presidente, por certo desconhece a história. Se acha inatacável, e aliado aos subservientes membros de sua Câmara Municipal, desfechou esse golpe de morte na cultura da mais antiga cidade do país.
Não existe irredutibilidade no plano político. O que existe, como é o caso, é um menino mimado se achando o dono do universo, berrando que a bola é dele e que ninguém joga com ela. Ledo engano. Se conhecesse um pouco da vida, e principalmente da política, saberia que tudo se transforma mais rápido do que “sonha nossa vã filosofia”. Vai continuar apanhando feito burro que não quer atravessar a ponte.
Exterminar com a Secretaria de Cultura não lhe dará dividendos políticos e nem econômicos. Terá sim, que aguentar no lombo as pancadas que está tomando, que por certo contribuirão para sua breve carreira política. Até que para mim, não encontro qualquer surpresa em sua atitude. Apoiador declarado de Sergio Moro, traíra juramentado, não se poderia esperar nada de bom. Os iguais sempre se juntam.
Vamos aguardar que a Câmara Municipal receba a comissão de membros da cultura, avaliem com bom senso, e consigam colocar juízo na cabeça do infante. Caso contrário, São Vicente poderá reviver a história, e irmanar-se aos feirantes de Paris, que com sua revolta, jogaram na lata de lixo a carreira política do Prefeito de então.
Certa vez eu disse a um ex-Prefeito de Santos, que em política a gente nunca fecha a porta. No máximo, encosta, pois amanhã será outro dia.

Carlos Pinto é jornalista e ex-secretário de Cultura de Santos.
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