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Opiniões

13 DE MARÇO DE 2017

De olho no lobby

Por: Fernando De Maria

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Assim como ocorre com tudo, o brasileiro tem o hábito de deixar qualquer ação para a última hora. Não é de hoje que a mídia e especialistas destacam a aproximação do fim da vida útil do aterro sanitário do Sítio das Neves, na área continental de Santos, que – com muito otimismo – terá mais três anos de vida útil. E isso se o consumo e a produção do lixo forem mantidos como na atualidade, em baixa, em razão da crise econômica. Hoje, sete das nove cidades enviam seu lixo para lá.

Em razão da alegação da Cetesb que o local não poderá ser mais ampliado por causa da presença de urubus e a proximidade com o aeroporto de Guarujá – como se tais aves nunca fizessem parte do cenário – há o risco de não termos prazo suficiente para a decisão, definição de áreas, com o risco concreto de não existirem terrenos para instalação, recursos, licenciamentos ambientais e outras fases para definição do futuro dos resíduos sólidos produzidos diariamente na região.

Assim, a alternativa seria encaminhar o lixo para cidades do Planalto, o que irá encarecer sobremaneira este serviço à população. O cenário, portanto, é preocupante e o tempo exíguo.

Somente recentemente, a Agem – Agência Metropolitana da Baixada Santista contratou o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas para elaborar um levantamento sobre o tema. A primeira discussão ocorreu na última semana. A previsão é que o estudo final esteja concluído até outubro, caso não ocorram atrasos.

Em razão do escasso tempo, especialistas da área ambiental temem que haja uma pressão para a implantação de incineradores, que prevêem a queima do lixo, cujas consequências ambientais são danosas à população.

Presentes na Europa, tais equipamentos viraram um verdadeiro transtorno em muitas cidades. Quem tiver interesse, basta assistir aos vídeos no canal You Tube para conhecer um pouco dos riscos desta tecnologia, já ultrapassada em termos ambientais.

Sem espaço para expansão, há um claro lobby de indústrias alemãs – responsáveis na gestão deste tipo de tecnologia – em trazer os incineradores para países do terceiro mundo, como o Brasil. Algo bem semelhante ao que ocorreu com as usinas nucleares na década de 70 durante a ditadura militar. Só que naquela época não se podia escrever, falar ou discutir sobre isso. As informações vinham literalmente goela abaixo.

Apesar dos tempos serem outros, a população precisa ficar atenta aos discursos que serão feitos sob alegação que será o melhor para todos. Afinal, nem sempre o que é bom para alguns é o ideal para a coletividade. Que as discussões sejam amplas e que nada seja feito no afogadilho, pois uma escolha equivocada trará consequências danosas e eternas a todos.

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