A divulgação das notas do Ideb (Índice de Deenvolvimento da Educação Básica) pelo MEC na última semana reflete uma realidade característica das escolas públicas brasileiras. Aos poucos, a qualidade do ensino nas primeiras séries tem melhorado, assim como o aproveitamento por parte dos alunos, porém, a medida que eles avançam às séries seguintes, o desempenho vira uma lástima, com notas abaixo da média.
Por exemplo, os alunos de 2005, no fim do Ensino Fundamental, saíram em 2009 com 65 pontos a mais na prova. Já os de 2009 ganharam 56 pontos ao finalizar o mesmo nível em 2011. Em artigo na Folha de S. Paulo, a professora da Faculdade de Educação da USP, Paula Louzano, sintetizou bem este panorama: os números mostram que os educadores e toda a estrutura oferecida não são suficientes para potencializar os reais ganhos do início da escolarização em níveis subsequentes. E verbas não faltam. Por exemplo, 24 das 35 escolas municipais tiveram aumento em suas notas na comparação entre 2009 e 2011, um índice a ser comemorado.
Até no Estado, alvo maior de críticas, das três escolas avaliadas que oferecem as séries iniciais do Ensino Fundamental (4ª série, atual 5º ano), duas aumentaram suas notas.
O cenário se inverte quando são analisadas as performances dos anos finais (8ª série ou 9º ano), rumo ao tradicional Ensino Médio, hoje sem identidade e estagnado.
Das 26 escolas estaduais localizadas em Santos, 16 tiveram conceitos inferiores agora. Duas evoluíram mais: o colégio Canadá (de 3,8 para 4,6) e a Suetônio Bittencourt Jr (de 5,3 para 5,8), que obteve a melhor nota entre todas as escolas de Santos, estaduais e municipais, nas séries dos anos finais, fruto, aliás, do belo trabalho desenvolvido pela equipe pedagógica e direção.
Entre as municipais, das 15 escolas avaliadas neste grupo, nove também tiveram desempenho abaixo da média. Destaque para as unidades Ayrton Senna (de 4,3 para 5,1), 28 de Fevereiro (de 3,8 para 4,4) e Edmea Ladevig (de 3,8 para 4,4).
Há, portanto, a sensação que todos os esforços praticados nos anos iniciais, a partir da pré-escola, são perdidos ao longo do desenvolvimento escolar. Portanto, alguns fatores devem ser levados em consideração para brecar estas discrepâncias. Parece que existem duas escolas distintas ocupando o mesmo espaço.
Desinteresse por parte dos alunos? Ausência de professores? Não participação da família? Falta de cobranças coletivas? Enfim, indagações que devem ser feitas para que atitudes sejam tomadas e o panorama (que não é exclusivo de Santos, mas do ensino público atual) seja alterado com urgência, pois estamos perdendo a batalha da Educação e os resultados são preocupantes se o cenário não for alterado hoje.
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