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Opiniões

04 DE OUTUBRO DE 2015

Debaixo do tapete

Por: Fernando De Maria

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A fragilidade do governo Dilma Rousseff atingiu dois nomes do seu ministério que, de certa forma, se destacavam no árido cenário de ministeriáveis. Tratam-se dos ex-ministros da Educação e Saúde, Renato Janine Ribeiro e Arthur Chioro, respectivamente.

Quando ministro, Chioro se envolveu em uma polêmica com o atual secretário estadual de Saúde, David Uip, a respeito da construção de um hospital regional em São Vicente. Enquanto ele informava que o Governo Federal bancaria a metade da obra e da manutenção do equipamento, cabendo ao Estado a outra parte, Uip rechaçava a possibilidade dizendo que a região tem outras opções e será bem atendida com a inauguração do Hospital dos Estivadores, em Santos, e o Hospital Regional de Itanhaém. Mas quando será?

Esquece o secretário que a Baixada Santista tem um dos menores índices de leitos em geral – e SUS – entre as regiões metropolitanas do País. Ocupamos a 33ª colocação entre 38 no total de leitos gerais e o 35º lugar entre leitos SUS. Segundo o Datasus, existem 1.728 leitos disponíveis (dados de 2012), uma média de 1,59/1000 habitantes, menos que a média nacional, de 2,44. Em leitos exclusivos SUS, o índice é ainda pior: 0,92. Em 2005, era 1,17.

Se o secretário estivesse preocupado com a região olharia com maior atenção ao Hospital Guilherme Álvaro, único nosocômio estadual. Apesar dos esforços dos profissionais que lá atuam, os problemas se agravam. O HGA tem perdido cada vez mais leitos. Em 2010, eram 259 (sem incluir os complementares). Hoje, 203.

Cerca de 70 a 100 técnicos e enfermeiros não terão seus contratos temporários renovados. Assim, o hospital aguarda a autorização por parte da secretaria para contratação dos concursados e ampliou as horas extras dos que já estão na ativa. Mas de forma insuficiente.

A UTI conorariana, com 10 leitos, está pronta, mas aguarda a contratação de seis médicos para funcionar. A demora deve-se ao contigenciamento de verbas. O vice-diretor do hospital, Érico Paulo Heildrun, acredita que nas próximas semanas os profissionais sejam chamados. A conferir.
Faltam produtos básicos para trabalho, como modelos de luvas e fios para sutura. As quebras de equipamentos são comuns. Há dois anos, um paciente aguarda ser operado da próstata.

No último dia 18, estava na mesa de operação quando o aparelho quebrou. Após a decepção, restou voltar para casa após a quarta interrupção ao longo da sua via sacra que já dura dois anos, todas cessadas por problemas no equipamento. A máquina permanece quebrada, mas segundo o HGA a compra da peça já foi licitada. Ao paciente, resta continuar usando a sonda que o acompanha há sete meses e o impede de trabalhar.

O governador Geraldo Alckmin e o secretário Uip não gostam de comentar problemas. São realidades que políticos odeiam reconhecer. Como a expressão PCC, onde o governo prefere esconder, com aval da mídia, e substituir o termo por ‘facção criminosa’, como se isso ‘apagasse’ o grupo criminoso. Típico jeito tucano de governar, jogando para debaixo do tapete os problemas que incomodam.

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