Trata-se de um assunto coletivo, mas poucos se preocupam com a destinação final do lixo produzido diariamente. Um problema sério que vem se agravando.
Hoje, praticamente todos os municípios da região despejam seus detritos orgânicos – ou não – no aterro sanitário do Sítio das Neves, na área continental de Santos.
Quando da sua inauguração, em janeiro de 2003, a expectativa é que o espaço tivesse capacidade para funcionar até 2023. No entanto, um novo dado divulgado pela Cetesb e Secretaria Estadual do Meio Ambiente na semana retrasada preocupou os profissionais presentes ao encontro. A última célula de expansão do aterro tem capacidade para mais cinco anos, no máximo. Ou seja, o aumento no volume de lixo produzido ceifou em quase três anos o tempo de vida útil estimado para o local.
Assim, a discussão sobre a destinação final do lixo em âmbito regional é prioritária entre as autoridades. Os números atestam esta preocupação. No Brasil, o maior índice de reciclagem está nas latas de alumínio (97%) em razão do seu valor (em média, 65 latas recolhidas equivalem a R$ 2,50/kg). Porém, só a metade das garrafas PETs são reaproveitadas. O motivo é óbvio. Paga-se apenas R$ 0,35/kg.
A falta de conscientização por parte da população e de infraestrutura, investimentos, oferta e divulgação sobre a coleta seletiva por parte do Poder Público contribuem para um cenário desanimador no País. Enquanto na Europa, 35% de todo o lixo gerado ganha nova finalidade, no Brasil o índice é 1/3 menor. O lixo também é bom negócio por lá. Emprega 2 milhões de pessoas e rende 145 bilhões de euros anuais (R$ 522 bilhões).
Em âmbito regional, algumas cidades sequer têm um programa para atender a demanda. Não bastasse, os índices são irrisórios diante da potencialidade que o lixo reciclado traz. Em Cubatão, por exemplo, a proporção entre o lixo domiciliar em relação ao reciclável é de 1,4%. Em Praia Grande, apenas neste primeiro trimestre foram recolhidas 28.100 toneladas de lixo domiciliar, contra 296 toneladas de reciclável (cerca de 1%).
Apesar de Santos ser pioneira na implantação do serviço na região, no início dos anos 90, o serviço pouco avançou, como a ampliação da Usina de Separação na Alemoa, instalação de mais coletores para este fim (os de cor laranja inicialmente instalados sumiram das ruas) e o fortalecimento de cooperativas para ampliação da coleta. Não faltam, porém, promessas por mudanças e aperfeiçoamentos.
Motivos sobram para nos preocuparmos. Afinal, apenas no primeiro trimestre a coleta de lixo orgânico cresceu 2,9% passando de 49.099 toneladas em 2014 para 50.548 toneladas neste ano. Já a coleta seletiva caiu 5,4% no mesmo primeiro trimestre.
Portanto, além das autoridades ficarem em alerta para discutir com urgência um plano de destinação regional do lixo, deve-se iniciar um amplo debate de conscientização sobre a reciclagem. Caso contrário, estaremos sempre correndo atrás de alternativas paliativas e perdendo oportunidades de transformar o lixo como uma real fonte de renda e de geração de empregos, como já ocorre em países desenvolvidos.
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