A repercussão dos vídeos de alunos dos cursos de Medicina praticando gestos obscenos e sexuais em Jogos Universitários trouxe um sentimento de revolta para a população.
Afinal, estes serão os futuros médicos que vão atender a sociedade, seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênios.
Importante pontuar que esses absurdos só acontecem por conta da falta de punição das autoridades, universidades e a proteção do pais.
Vale lembrar que grande parte das faculdades de Medicina no Brasil tem uma mensalidade média de R$ 10 mil.
Com um custo tão alto, dificilmente a população mais pobre e a classe média têm acesso à essa profissão – exceto as exceções de praxe.
Assim, a maioria dos universitários conta com o apoio financeiro dos pais para pagar a mensalidade tão alta.
Entretanto, parece que alguns estudantes não têm noção do investimento dos pais e esquecem do valor da profissão.
Naturalmente, o período acadêmico é um momento único na vida dos jovens que organizam festas, campeonatos e celebrações, porém tudo tem um limite.
Vídeos
Recentemente, uma série de vídeos viralizou na internet, onde alunos da Universidade Santo Amaro (UNISA) mostraram a genitália e tocaram nos órgãos sexuais durante uma partida de vôlei feminino.
O caso ocorreu em um campeonato universitário na cidade de São Carlos, interior de São Paulo.
A UNISA expulsou os alunos, porém os familiares recorreram da decisão e foram reintegrados, após decisão judicial. Outros estudantes envolvidos em vídeos de gestos obscenos foram os alunos de Medicina da Universidade São Camilo.
Eles abaixaram as calças na arquibancada e mostraram as nádegas.
No entanto, a universidade não expulsou os alunos, porém proibiu o curso de disputar jogos esportivos.
Por meio das redes sociais, diversos estudantes relataram que em algumas faculdades de Medicina, os calouros passam por humilhações diante dos veteranos.
A prática acontece em trotes, eventos esportivos e festas. Segundo eles, essa é a única forma para serem respeitados pelos veteranos e caso não façam, são ameaçados e agredidos. Contudo, essas ameaças podem ser denunciadas para a reitoria e nas delegacias.
Não é natural que algum estudante aceite as condições de mostrar a genitália em um jogo feminino, por exemplo.
O pior é que esses episódios de ameaças e humilhações acontecem há anos e parece que só haverá alguma punição após alguma tragédia.
Pelas condições financeiras, os estudantes de Medicina parecem estar blindados.
Imaginemos, por exemplo, se em uma festa dentro de uma comunidade, homens mostrassem a genitália em público, certamente teriam grandes chances de serem presos.
Assim, é notável que em algumas camadas de nossa sociedade, ainda existam privilégios e que a impunidade ainda impere.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação