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Lélia Wanick Salgado e Sebastião Salgado. Foto: Facebook do Instituto Terra

Opiniões

28 DE AGOSTO DE 2023

Esta sim, merece!

Por: Da Redação

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A proliferação de más notícias obscurece as boas.

Verdade que se tem impressão de que o mal prospera e o bem fenece.

O desalento é a companhia dos que perderam a esperança de tornar o mundo melhor.

Constatar que o mal compensa é potente estimulador do desânimo.

Por isso mesmo, quando se recebe a comunicação que que a ambientalista Lélia Wanick Salgado ganhou o Prêmio Gulbenkian para a Humanidade, é motivo de júbilo.

Há vinte e cinco anos ela e o marido, o festejado fotógrafo Sebastião Salgado, se devotam a reflorestar e a recuperar ecossistemas na sofrida Mata Atlântica.

O casal criou em 1998 o Instituto Terra, organização que se dedica a restaurar áreas degradadas de floresta e a promover o desenvolvimento rural sustentável no Vale do Rio Doce.

Nessa região, que abrange Minas Gerais e Espírito Santo, houve deterioração da natureza resultante de maus tratos ambientais.

Eles sentiram profunda tristeza ao ver que a chuva carregou terra ladeira abaixo, fazendo erosões e buracos enormes.

Daí a ideia empolgante: vamos criar uma floresta.

E começaram a plantar árvores. Seriam necessárias mais de dois milhões de mudas.

Não havia prática nem conhecimento aprofundado.

Por isso, cerca de 60% do lote inicial de cinquenta mil mudas não vingaram.

A terra era muito prejudicada pela degradação.

E a falta de chuvas não ajudou.

Lélia e Sebastião não desanimaram.

Aprimoraram as técnicas e as épocas do plantio.

Hoje as árvores ocupam a área prejudicada.

Já plantaram mais de três milhões de árvores.

E isso fez com que os animais retornassem.

Mais de 170 espécies de pássaros, 33 de mamíferos, 15 de anfíbios e outras 15 de répteis.

Diante do êxito, surgiu novo programa: “Olhos d’água”, com a ambição de recuperar mais de 300 mil nascentes de afluentes na bacia hidrográfica do Rio Doce.

O casal é uma prova de que a crise climática pode ser mitigada se houver humano com boa vontade e coragem de enfrentar a crueldade que acaba com a natureza e, com isso, apressa o fim dos tempos.

Os seres sensíveis não podem deixar de se preocupar com o amanhã de seus filhos e netos.

Que o exemplo de Lélia e Sebastião Salgado frutifique.

Não é possível pensar que inexistam outros brasileiros angustiados com o que se faz de perversão nociva, nefasta e letal em relação às nossas matas e cursos d’água.

A Terra pede socorro e só os muito privilegiados têm condições de ouvir seus lancinantes clamores.

 

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras.

 

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