Filme de horror | Boqnews

Opiniões

19 DE ABRIL DE 2012

Filme de horror

Por: Fernando De Maria

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Um rastro de violência atingiu novamente a Zona Noroeste, em Santos. Em uma semana, foram seis assassinatos em áreas periféricas da região, mesmo número de mortes registradas ao longo de 2011 pelo 5º DP, distrito policial que atua naquela área. A situação tem provocado pânico na população, especialmente quando a noite chega, período mais propício para os ataques iniciados após o assassinato do PM Rui Gonzaga Siqueira, 46 anos, morto a tiros quando fazia um ‘bico’ de segurança no Jardim Castelo.


A novela já é conhecida por parte da população. Há exatos dois anos, 22 mortes foram registradas em Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande em decorrência da morte a tiros do PM Paulo Rafael Pires, em Guarujá.  Na ocasião, 22 PMs foram presos sob suspeita de participação em um grupo de extermínio. Em 2006, em todo o Estado de São Paulo, mais de 500 pessoas foram assassinadas – inclusive na Baixada Santista, na onda de assassinatos conhecida como Crimes de Maio. Foi a maior chacina das últimas décadas.


Vários fatores são apontados como os causadores desta situação: o crescimento da marginalidade e de facções criminosas que ganham cada vez mais espaço na periferia, algo facilmente perceptível. Em algumas localidades, por exemplo, para entrar deve-se pedir permissão ou fazer acertos com os líderes.  Não bastasse, pelas características geográficas, marginais provenientes do Rio de Janeiro, expulsos em razão do cerco fechado pela polícia, teriam se instalado em redutos periféricos da Baixada Santista. Além disso, não se pode fechar os olhos para  o fato que o poder paralelo já se faz presente no próprio poder, onde políticos e pretensos candidatos são alimentados com recursos nebulosos.


Outro raciocínio  decorre da participação de policiais nesta onda de massacres, conforme  atestado pela Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, que concluiu que policiais e grupos de extermínio seriam ligados à máfia chamada Os Ninjas, formada por policiais encapuzados autodenominados justiceiros. O grupo Mães de Maio, criado a partir da onda de crimes ocorrida em 2006 na briga entre o Estado e facções criminosas, defende a federalização dos crimes cometidos – cujos suspeitos ainda não foram julgados – e o fim dos registros ‘resistência seguida de morte’, comuns para justificar os homicídios nem sempre justificáveis por parte da polícia.


Em seu blog (maesdemaio.blogspot.com.br), o grupo – formado por pais e mães  vítimas de crimes – mostra a luta para resolver tal situação. Um amplo texto publicado na última quarta (18) expõe as feridas  do momento, que ocorre como uma onda: às vezes, a maré recua, em outras ela vem com força, provocando prejuízos, materiais ou fatais, como tem acontecido. Mas cairá no esquecimento em breve até uma nova onda surgir. Porém, quantas mortes serão necessárias para isso acabar? E se acabar…

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