Estou com essas duas palavras na cabeça há dias e fico matutando o que fazer com elas. Sem dúvida não vieram do nada, surgiram após ler o livro da jornalista Adriana Carranca sobre sua visita ao Afeganistão. Mas as palavras não surgiram por causa do texto em si belíssimo sem dúvida mas a imagem daquela mulher tranquila, inteligente, que sabe o que quer, não me abandonava em cada capítulo lido, quase suplantava a trama da história, mas empatava com ela em surpresa e admiração.
Como é possível uma mulher, a autora Adriana, ter essas duas qualidades que aprendi serem distintas, uma sempre colocada na prateleira do masculino e a outra na prateleira do feminino?
Que loucura é essa em ver numa mulher meiga, quase silenciosa, bonita e observadora das rosas do jardim, a força, coragem, ousadia, inteligência e todo o resto que a compõe na figura onipresente da Adriana durante sua descrição das agruras do povo no Afeganistão?
Desculpe-me Adriana por usá-la em minha reflexão, mas pude vislumbrar a mulher total, aquela que desde a minha adolescência, lendo escondido artigos feministas, era apresentada como a mulher perfeita, mas que em contrapartida era mal amada, era feia e solitária.
Será que enfim estou conhecendo a mulher inteira nessa minha vida? Aquela mulher anunciada no século 20, que não ficou pronta e confesso que já andava meio decepcionada com as mulheres salada de frutas, melão, melancia, maça e BBBs da vida.
Bem, o que quero trazer à reflexão é que as duas características, força e sensibilidade, são possíveis e se todas nós mulheres podemos usufruir desse coquetel novo. Vale a pena apresentá-lo aos homens, pois nessa época de redefinição dos papéis, podemos aposentar frases como aquelas que dizem que homem não chora ou mulher tem que desmaiar para que sejam realmente o protótipo do feminino e do masculino perpetuado.
Se antes tínhamos as estações do ano bem definidas, que nos permitiam guardar roupas grossas no verão para usá-las só no inverno, sabemos que os xales e casaquinhos passeiam também no verão e por que não mudar também a perspectiva de nosso olhar sobre aspectos do feminino e masculino.
Começando na infância, meninas e meninos, mãezinhas e papais, poderiam propor novas brincadeiras e joguinhos, troca de papéis, eles lavando a louça ou se emocionando e elas aprendendo a usar sua força, inteligência, dessa feita estaremos estimulando força e sensibilidade independente do sexo de cada um.
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