A ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos gerou um cenário global repleto de incertezas.
Desde o início, a retórica e as ações do presidente têm desafiado analistas ao redor do mundo na tentativa de compreender suas intenções e prever os impactos de suas políticas.
Enquanto a esquerda se mostra alarmada, a direita celebra, porém, com uma certa cautela.
Ambos os lados observam atentamente uma possível reconfiguração da ordem mundial.
Para o Brasil, este cenário é particularmente relevante.
Mesmo com uma política externa que busca manter relações pragmáticas e estáveis com os EUA, os sinais emitidos pela administração Trump ressoam fortemente.
A política “America First”, defendida por Trump, que prioriza os interesses nacionais americanos, pode levar a um aumento do protecionismo e a um isolamento em certos aspectos das relações internacionais.
Isso, por sua vez, pode representar um desafio, mas também uma oportunidade para o Brasil no contexto do comércio global.
No setor agrícola, o Brasil, os Estados Unidos e a Argentina, dominam as exportações de commodities como milho e soja.
Com mercados consumidores cruciais como a União Europeia e a China, qualquer alteração nas relações comerciais entre esses blocos pode criar dinâmicas.
Uma possível guerra comercial entre os EUA e a China poderia abrir espaço para o Brasil expandir sua participação de mercado.
Além disso, as divergências de Trump em relação aos acordos climáticos, que são de extrema importância para a União Europeia, podem favorecer o posicionamento dos produtos agrícolas brasileiros.
O Brasil poderia se tornar um fornecedor mais atraente, aproveitando as lacunas deixadas pelos EUA.
No entanto, essa potencial vantagem não vem sem desafios.
O agronegócio brasileiro depende fortemente de insumos importados, precificados em dólares.
Com a administração Trump implementando tarifas sobre produtos, há o risco de aumento nos custos para o setor agrícola brasileiro, especialmente se esses insumos vierem de empresas americanas.
Diante desse cenário complexo, o agronegócio brasileiro precisa continuar a demonstrar a resiliência que sempre foi sua marca registrada.
Isso significa confiar na capacidade de seu produtor rural, na inovação tecnológica, na habilidade de explorar novos mercados e na redução da dependência de insumos externos.
Roberto Queiroga é diretor-executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil – ACEBRA
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