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24 DE OUTUBRO DE 2022

In dubio pro reo 

Por: Da Redação

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Adolf Hitler pregava o resgate do orgulho nacional numa Alemanha arrasada por fome e desemprego.

Usou de todos os meios, da violência explícita à propaganda enganosa, que também pode ser uma forma de violência. Reergueu seu país!

Depois, ordenou o extermínio sistemático de mais de 11 milhões de pessoas entre judeus, ciganos, homossexuais, padres, deficientes mentais ou físicos. Causou a Segunda Guerra mundial, que provocou a morte de mais de 50 milhões de pessoas.

Joseph Stalin, ao chegar ao poder na União Soviética, perseguiu e mandou matar todo o opositor explícito ou suposto e, também, quem ameaçou rivalizar com sua ascendência. Absoluto, sob suas ordens cerca de 20 milhões de soviéticos morreram em “gulags”, de fome ou em expurgos planejados.

Mao Tsé Tung teria sido responsável por dezenas de milhões de mortes, na China. Além das físicas, também causou “mortes culturais”.

Kim Jong-il, líder da Coreia do Norte, seria responsável pela morte de cerca de 2 milhões de compatriotas. Pol Pot, líder cambojano, foi responsável por outros tantos.

Mussolini, Tojo, Truman, Fidel, Guevara, Pinochet, Mobuto e, antes deles, Ramsés II e Herodes também são exemplos. Para eles, suas vítimas não eram mortes, mas apenas números.

Todos, em vida, foram idolatrados. Ainda hoje há os que os idolatrem e defendam suas ideias e práticas.

Todos ascenderam ao poder em função do desespero do povo e da cegueira da elite dominante. Todos pregaram igualdade e justiça para, depois, estabelecerem uma nova elite, insofismável, tão ou mais alheia e ávida de poder.

Aliás, todo o líder totalitário tende a seguir modelos similares para garantir sua hegemonia: tudo e todos sob seu controle, assessores fanáticos ou da pior índole, e psicopatas leais, que torturam e matam, física ou psicologicamente, em nome de seus “ideais” ou por simples mórbido e sórdido prazer.

Para implantar esse modelo, dominam as instituições, doutrinam desde a infância, incitando ao ódio e à violência contra tudo o que for voz discordante.

Impõem uma única leitura, seja “O Capital”, o “Livro Vermelho”, “O Príncipe”, “A Arte de Guerra”, “Minha Luta”, adulteração de livros sagrados, manifestos e suas interpretações autorizadas. O resto é heresia!

E nem todo o crime contra a Humanidade tem um único protagonista, vide a tomada de Jerusalém pelos Cruzados, a “Santa” Inquisição, as sanguinárias ditaduras de esquerda e direita em países do Hemisfério Sul e Extremo Oriente, financiadas pela Guerra Fria; os massacres de cristãos, huguenotes, “bruxas”, armênios, tutsis; as ações do ISIS…

Todos se diziam ou afirmam serem movidos por “nobres” e, até, “divinos ideais”.

Com carisma e retórica alienante, megalomaníacos lunáticos, patifes dissimulados, disseminaram ódio e destruição ao longo da civilização, retardando sua evolução.

A maioria nunca foi julgada em vida, e quase nenhum morreu por seus “ideais” ou pregações. Delegaram ou impuseram isso aos seus “rebanhos”. Mas há quem continue a idolatrá-los e a defender sua inocência ou atos.

Muitos, em sua defesa, continuarão a negar evidências… a própria história! Sustentarão teses pouco racionais travestidas de “intelectualidade”.

Por proselitismo, oportunismo, doutrinação ou fanatismo continuarão a alegar sua inocência, negando, relativizando ou “cancelando” tudo e todos os que critiquem ou questionem suas narrativas, intencionalidades e credos.

No mínimo, sempre alegarão: “In dubio pro reo”.

Adilson Luiz Gonçalves é engenheiro, pesquisador universitário, escritor e Membro da Academia Santista de Letras.

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