O mais recente levantamento realizado pela Fundação Seade em parceria com o Instituto do Legislativo Paulista sobre o Índice Paulista de Responsabilidade Social 2012 (IRPS) e o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) reforça – e aprofunda – o quanto a Região Metropolitana da Baixada Santista vive um paradoxo entre a riqueza financeira decorrente das elevadas arrecadações de impostos e a dura realidade social, ainda presente em boa parte dos lares da região.
O novo levantamento, divulgado na última semana, reforça algo visível aos que conhecem um pouco melhor a Baixada: a forte discrepância social que se faz presente entre os nove municípios. Por exemplo, entre os 645 municípios paulistas, três são apontados pelo estudo (Cubatão, Bertioga e Santos) como os mais ricos dentro dos critérios elencados pela Fundação Seade.
Guarujá também aparece bem ranqueada a ponto da Baixada Santista obter o segundo lugar no tópico dimensão da riqueza, bem próxima da líder neste item, a Região Metropolitana de São Paulo. Nos demais indicadores, porém, perdemos feio e de forma vexatória.
Ocupamos a última colocação no item longevidade e a antepenúltima na questão da escolaridade. A primeira decorre, em especial, das elevadas taxas de mortalidade infantil, que reforçam a ideia de que são maiores as chances de morrer – seja ao nascer ou nos primeiros meses – os bebês da região na comparação com os nascidos em outras localidades do maior estado da Nação. Não bastasse, pelos números apresentados, um morador da Baixada Santista vive, em média, 12 anos a menos que outro da região de São José do Rio Preto. Estamos ainda a quatro anos de distância da penúltima colocada, a região de Registro, no Vale do Ribeira, a mais pobre do Estado. Neste item, três municípios estão no fim da lista: Peruíbe (600ª colocação), São Vicente (609ª) e Guarujá (611ª) de um total de 645. A melhor performance está com Santos, no sofrível 328º lugar.
Outra vergonha refere-se ao nível de escolaridade regional. Conseguimos reunir riqueza, mas não a transformamos em conhecimento para garantir aos nossos jovens empregos mais qualificados e melhor remunerados, pois temos um sistema de ensino deficitário e ineficiente, especialmente no Ensino Médio, onde ocorre o gargalo educacional. Responsabilidade, aliás, do governo do Estado.
Na verdade, esta dicotomia (ótima pontuação no item riqueza e conceitos vergonhosos nas questões sociais) é fruto do abandono a qual a Baixada Santista tem sofrido das autoridades dos palácios dos Bandeirantes e do Planalto. Muitas promessas e pouca eficiência, cujos resultados reais ficam claros neste estudo.
Certamente, novas promessas serão proferidas de olho em 2014 quando teremos novas eleições majoritárias para os governos federal e do Estado e assim a Baixada Santista voltará a ser o centro das atenções nas campanhas eleitorais. Depois, tudo voltará a ser esquecido. Como sempre.
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