O horário eleitoral é o momento onde o cidadão tem o direito de saber quais são as propostas dos candidatos. Aos que concorrem ao Legislativo, alguns demonstram que não têm a mínima noção sobre seu papel em um eventual mandato.
Aos candidatos a prefeito, as listas de promessas e ideias mirabolantes provocam uma sensação de mesmice e de falsas verdades. Exemplos não faltam.
O deputado e candidato do PP, Beto Mansur, promete que, caso eleito, voltará a entregar os uniformes e materiais escolares em dia, como ocorria em seus mandatos, situação que realmente teve problemas na atual gestão, com alunos recebendo as roupas bem depois do início do período letivo. Só que isso também ocorreu no passado. Em manchete do Diário Oficial de 2 de abril de 2003, portanto, bem depois do início das aulas, a prefeitura anunciava a entrega de 34 mil kits de material escolar, com cadernos, canetas, entre outros objetos.
Mas Mansur não está sozinho. Praticamente todos os candidatos agora defendem a construção do túnel ligando as zonas leste e noroeste. No passado, o urbanista Prestes Maia já havia esboçado um plano que ligava um túnel do Jabaquara à entrada da Cidade. As propostas foram alteradas ao longo do processo e na prática nada foi feito. No final da gestão Mansur, uma licitação chegou a ser aberta, mas não teve continuidade durante o governo Papa.
A questão central é que a proposta original de ligar os bairros do Marapé à Vila São Jorge demanda ações que independem do caixa da prefeitura, sem recursos suficientes para tocar tal obra. Um governante sabe que tem limitações financeiras para fazê-la com recursos próprios, em razão dos percentuais destinados ao pagamento do funcionalismo, educação e saúde, que contam com percentuais carimbados e não podem ser transferidos.
No último levantamento, realizado em 2010, o túnel tinha custo estimado de R$ 330 milhões, sendo outros R$ 15 milhões apenas para a elaboração do projeto executivo. Sem recursos, caberá ao município solicitar verbas estaduais e federais para tocar o projeto, que dependeria também de estudos de impactos ambientais nos bairros afetados.
Isso se a obra sair, pois tanto os governos do Estado como o Federal já apresentaram inúmeros projetos registrados apenas em maquetes ou papéis: VLT, túnel (que já foi ponte) entre Santos e Guarujá, melhorias de acesso à entrada da cidade, mergulhão e recuperação dos armazéns 1 e 8 do cais são alguns casos de intervenções prometidas que nunca foram cumpridas nem pelo Governo do Estado nem pelo Federal.
Por isso, o eleitor deve se atentar às promessas são realmente factíveis, pois ideias não faltam. Resta saber como fazê-las e quem irá financiá-las. Afinal, o papel aceita tudo.
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