Espetaculoso e cercado de simbolismos, o processo eleitoral dos EUA, que culminou com a vitória de Donald Trump, concentrou a atenção da mídia mundial e mobilizou milhares de norte-americanos em torno das ideias de mudanças que ensejou.
Mais do que o desejo de recuperação econômica para uma nação que enfrenta desequilíbrio em suas finanças, a recondução do ex-presidente ao cargo político mais importante do mundo ocidental sintetizou o desejo de retomada de posições tradicionalistas que atendam principalmente as demandas da população no âmbito interno.
Apesar de sua inegável importância para a manutenção da estabilidade mundial, e a grande contribuição à ciência e ao surgimento de novas tecnologias, o modelo desenvolvimentista norte-americano revela um esgotamento diante da necessidade de imensas demandas energéticas, que acabam por motivar o desprezo às questões ambientais e a ingerência em outros países, especialmente nos detentores das reservas petrolíferas utilizadas para suprir suas necessidades.
Por isso, mais do que trabalhar para recuperar a maior de todas as economias, Trump terá que almejar, obrigatoriamente, criar boas relações com as demais nações, dando mais ênfase às parcerias e menos ao uso de seu poderio militar. Dessa forma, o papel histórico que ele tem a cumprir deve ir muito além de representar a principal voz de um país extremamente conservador.
Para ter sucesso em seu futuro mandato terá que adotar medidas muito mais eficazes do que apenas iniciativas nacionalistas que desprezem a integração e a relação harmônica com nações parceiras.
Inegavelmente, os EUA exercem forte influência nas relações internacionais e, por isso, Trump tem o poder de utilizar sua liderança no sentido de dirimir conflitos e gerar oportunidades para a construção de uma nova ordem econômica.
Assim, mesmo divergente no contexto ideológico, ao governo brasileiro cabe o dever de estabelecer relações pontuais e cordiais com o novo mandatário norte-americano, mantendo laços de cooperação com um antigo aliado e, sobretudo, colocando-se como importante parceiro estratégico para o desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis que atendam o interesse de ambos os países.
Dessa forma, será a conduta do Brasil nas áreas de comércio exterior e de diplomacia que possibilitará manter-se como interlocutor na busca de abertura para novos canais comerciais voltados à geração de renda e de mitigação de conflitos políticos, especialmente na América Latina e Caribe.
A todos, sem exceção, interessa o estabelecimento de uma relação franca e pragmática, sem o que todos terão a perder.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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