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06 DE SETEMBRO DE 2012

Os números não mentem

Por: Fernando De Maria

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O aumento na mortalidade infantil na região é mais uma mancha que a Baixada Santista sofre. A região tem a pior taxa no Estado de São Paulo, com 16,8 mortes de crianças de até 1 ano em cada grupo de mil nascidas vivas. 
Em um ano, houve um crescimento de 10% no total de óbitos infantis. Uma triste marca. Foram 425 mortes de bebês no ano passado, sendo 251 decorrentes de doenças originadas no período perinatal (de 22 semanas de gestação até sete dias após o nascimento), percentual que poderia ser reduzido.
A região tem hoje um índice parecido com a média estadual do início deste século. Ou seja, estamos na contramão do estado mais rico do País. Se fossemos uma nação, estaríamos em 83º lugar na média de mortalidade infantil entre menores de um ano, ranking nada honroso, conforme dados da Organização das Nações Unidas. Atrás de países como Jamaica, Ucrânia, Omã, Tailândia, entre outros.
O crescimento no índice que alavancou a média ocorreu em Bertioga, Cubatão, Guarujá (que detém o maior percentual negativo, com 23 mortes para cada 1000 crianças nascidas), Peruíbe, Praia Grande e São Vicente. 
Santos, Itanhaém e Mongaguá foram os únicos que registraram menos mortes, sendo que a Cidade obteve o melhor resultado regional (13 mortes para cada mil nascidos), quase a metade de Guarujá, líder nesta terrível estatística. Ou seja, uma criança que nasce em Santos tem hoje quase o dobro de chances de sobreviver que outra nascida na cidade vizinha.
Vários fatores contribuem para o cenário, mas não se pode desconsiderar um deles. A falta de programas, vontade e recursos para enfrentar o problema. Basta lembrar que a UTI pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro – único hospital estadual de todo o litoral e Vale do Ribeira – chegou a estar fechada durante um ano. Bebês morreram por causa disso.
É notória a carência de investimentos que o Governo do Estado destina aos municípios da Baixada Santista e Vale do Ribeira na área da saúde. Levantamento realizado pela R. Amaral & Associados – Consultoria, Pesquisas e Análise de Dados revela que nos últimos 14 anos, a média de recursos repassados para a Baixada Santista foi de meros 0,95% do total de dispêndios com a área de Saúde no Estado. Em 2011, exatos 0,99%. 
Como a representividade populacional e econômica da Baixada Santista chega a 4%, o Governo paulista, conforme o estudo, deixou de investir na saúde da região R$ 3 bilhões 125 milhões neste período (sem atualização monetária).
O governo paulista não retorna, de forma proporcional, as riquezas geradas pela população. E sem recursos suficientes, o panorama regional só tende a piorar obrigando a Baixada a ostentar vergonhosos títulos como este. 

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