Pobres de nós | Boqnews

Opiniões

06 DE FEVEREIRO DE 2015

Pobres de nós

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Quem nutria a esperança de uma reforma política séria pode literalmente tirar o ‘cavalinho da chuva’. As escolhas dos novos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mostram que as principais mudanças previstas não entrarão no cerne da questão, como a limitação de partidos políticos – hoje são 32 sendo que 28 estão representados no Congresso. Não bastasse, outros estão tendo sua criação fomentada.

A questão, porém, não se limita a criação de mais partidos, até porque nos Estados Unidos eles são mais de 60. O problema é que a cada nova agremiação partidária oficializada, mais recursos dos cofres públicos são direcionados ao fundo partidário, sem contar os tempos de TV e rádio, objetos de pueris negociatas.

Na prática, as lideranças escolhidas querem se perpetuar e não admitem qualquer risco de perda do poder. Afinal, eles se abrigam no manto da imunidade parlamentar enquanto proliferam processos contra eles. Diante de uma Justiça lenta e burocrática, ganham o tempo necessário para ampliar seus tentáculos nos cargos. Prometem mudanças, desde que não coloquem em risco seus objetivos.

No Senado, Calheiros já renunciou ao cargo em 2007 para preservar o mandato e escapou duas vezes, em votação secreta no plenário, da cassação. Ele é alvo de duas investigações no Supremo Tribunal Federal e seu nome já foi associado ao esquema da operação Lava Jato, fato que ele nega. Detalhes sobre suas peripécias em congressoemfoco.uol.com.br/noticias/fantasmas-na-justica-ainda-rondam-renan/

Na Câmara, levantamento da ONG Transparência Brasil mostra que dos 11 deputados eleitos para compor a presidência e a mesa diretora, oito têm ou tiveram problemas na Justiça ou nos tribunais de contas. Na lista de investigações, existem denúncias de compra de votos, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e submissão de trabalhadores a regime análogo à escravidão.

O novo presidente da Câmara também é apontado pela Procuradoria Geral da República como um dos acusados da Operação Lava Jato. Como até agora os nomes dos políticos envolvidos no esquema não foram divulgados oficialmente, tudo não passa de especulação. Por enquanto.

Pelo levantamento, quem lidera a lista de processos é o ex-prefeito de Santos, Beto Mansur (PRB), atual primeiro-secretário da Mesa Diretora. Eleito pela quinta vez consecutiva, mesmo com quedas sucessivas de votos – foram 31.301 na última, a metade em relação a 2010 -, conseguiu ser escolhido entre os pares para ser o novo ‘prefeito’ da Câmara.

Sua eleição deve-se a Celso Russomano, campeão de votos. Logo, foi um dos beneficiados pela atual estrutura partidária. Já esteve no PSDB, PDT, PP e agora PRB. Por que atuaria para mudar a lei e se prejudicar? (Para saber mais dos processos dos membros da nova mesa, acesse o link )

Infelizmente, portanto, não será desta vez que a necessária reforma política ocorrerá. Mais uma chance perdida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.