Na segunda (27), quando se completam 19 dias de paralisação dos servidores, a segunda maior dos últimos 22 anos ocasião em que o prefeito David Capistrano enfrentou uma greve de quase um mês, será fundamental para definir os rumos da Administração. Sequelas serão inevitáveis.
A Prefeitura, insatisfeita com a posição da Justiça local, cuja determinação pouco efeito prático teve, recorreu junto ao Tribunal de Justiça para determinar a volta de, pelo menos, 80% dos servidores, decisão clara para enfraquecer a luta dos trabalhadores.
Uma nova assembleia está marcada para a noite desta segunda (27), na AA dos Portuários, onde cerca de 2 mil servidores se manifestaram na quinta (23) a favor da continuidade da greve e diminuíram a proposta de reajuste de 10,35% para 7% sobre o salário-base, mesmo índice praticado no aumento do IPTU deste ano.
A Prefeitura, porém, se mantém irredutível e acena com abonos de 5,35% para outubro e novembro, com incorporação em dezembro. Coloca a culpa na queda da arrecadação, algo, aliás, previsto há anos. A Câmara, que demorou para tomar uma posição, se pronunciou somente após muita pressão dos servidores.
Todos perdem neste cabo-de-guerra. A mais interessada, razão de existência dos dois lados da disputa, é a população, que necessita dos serviços públicos, seja na Saúde, Educação e Assistência Social. Cerca de 3.500 consultas médicas tiveram que ser reagendadas na rede de atenção básica. Algo em torno de 30 mil alunos estão fora da escola. A cada dia de impasse, a população convive com mais problemas. E o pior, não sabem a quem recorrer.
Perdem também os servidores, no seu direito de solicitar a reposição que lhes foi negada. Não bastasse, convivendo com problemas de abastecimento de produtos básicos, por exemplo, conforme relatos feitos durante as manifestações, entre outras dificuldades.
Por sua vez, correm o risco de terem benefícios e os próprios dias de falta descontados, afetando o orçamento no final do mês. E com o risco de não terem suas reivindicações atendidas.
O maior perdedor, porém, é a Administração Municipal e, claro, o prefeito. Afinal, não se trata de um novo governo, mas uma continuação, cuja votação expressiva foi-lhe concedida graças às promessas de que iria cuidar, inovar e avançar ainda mais a Cidade.
Não dá para usar como justificativa a queda na arrecadação – algo que não era novidade entre membros da própria Administração. Só não via quem não queria. É melhor admitir que escondeu o que não interessava durante o horário eleitoral para garantir a vitória. A fatura agora está sendo cobrada pelos eleitores, vários deles servidores. Sem contar os fornecedores, que aguardam pelos pagamentos dos serviços prestados.
Independente de quando a manifestação acabará, o prefeito lidará com uma categoria insatisfeita, sem contar com parcela da população, ressabiada em descobrir a realidade dos cofres públicos, bem diferente do tom pintado no horário eleitoral. Assim, o prefeito terá que incluir um novo verbo ao seu slogan: surpreender. Positivamente, é claro. Será que consegue?
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