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21 DE FEVEREIRO DE 2013

Quem quer?

Por: Fernando De Maria

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Aos 48 anos recém-completados, a Cohab santista está gravemente doente e seu quadro terminal só não chegou ao processo pleno de falência múltipla , porque a “viúva”, diga-se o Poder Público , ainda a mantém no balão de oxigêncio. 
Fundada com o objetivo de entregar obras habitacionais às famílias carentes da região, a Cohab contabilizou entre 1966 e 2009 14.526 imóveis edificados, uma média de quase 1 por dia. Entre os empreendimentos estão a urbanização e construção de moradias na Areia Branca, no Humaitá e no Tancredo Neves I e II, ambos em São Vicente, para citar alguns exemplos. 
A empresa já antecipava naquela época o caráter metropolitano, pois 63% das suas ações pertencem a Santos; 15,7% a São Vicente e 10,5% para Guarujá e Cubatão cada. Se na ocasião, a Cohab era um orgulho, hoje nenhuma prefeitura tem interesse nela. Assim, Santos acaba assumindo-a em razão de ser a sócia majoritária.
Na prática, a empresa fugiu do seu objetivo inicial – de construção de moradias – por falta de recursos e dificuldades nas linhas de financiamento decorrentes das dívidas acumuladas ao longo dos últimos anos. O ápice da empresa ocorreu nos anos 80, quando foram entregues quase a metade de todas as edificações ofertadas à população (total de 6.685 imóveis) até hoje. Números bem distantes das inaugurações ao longo de toda a última década, com cerca de 1.100 imóveis. Falta de linhas de financiamento federal decretaram sua lenta agonia. Assim, ela acumula sucessivas dívidas, que impedem o seu funcionamento. Sem recursos, torna-se meramente um agente  de apoio aos projetos habitacionais, cujos recursos decorrem dos programas do CDHU (estadual) e Minha Casa, Minha Vida (federal).
A empresa fechou 2011 – o balanço de 2012 ainda não foi divulgado – com um prejuízo de R$ 37,5 milhões e passivo de R$ 216 milhões, 20,7% superior em relação ao ano anterior. Cada R$ 1,00 do seu ativo representa R$ 2,14 do passivo. Vive no vermelho!
Apesar de não ter recursos próprios, a Cohab é um poço de felicidade para assessores. O quadro de pessoal impressiona. São 15 tipos de assessores administrativos (salários de R$ 870 a R$ 5.479), 12 de assessores técnicos (de R$ 2.603 a R$ 7.342) e 9 de assessores jurídicos (de R$ 2.603 a R$ 6.675). Além de 10  tipos de assistentes (estes, funcionários de carreira) ganhando entre R$ 2.069 a R$ 4.980. Algo irracional para qualquer gerente de Recursos Humanos!
Não é à toa que as despesas administrativas só cresceram. Em 2011, chegaram a R$ 9,8 milhões, 18,6% superior em relação a 2010. O ano e os governos mudaram, mas as contratações não. Em janeiro, 12 profissionais foram dispensados, sendo 11 assessores. Mas cinco já foram substituídos.  
Urge que os prefeitos da região das cidades acionistas encontrem uma solução para este buraco sem fundo chamado Cohab, cujo destino deveria ser a sua extinção ou substituição por um órgão bem mais enxuto.  

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