Os números impressionam. Na última semana, a Ecovias retirou 32 caminhões carregados de lixo, lama e resíduos sólidos provenientes de valas de drenagem na entrada da Cidade, na região da Alemoa, ponto crítico de eternos alagamentos.
Em outro trecho, a Prefeitura recolheu 35 toneladas de resíduos do canal localizado no Jardim Castelo, na divisa com São Vicente. Boa parte, aliás, de material reciclável que poderia ter uma destinação mais nobre, gerando renda para moradores.
Pode não ser a solução para minimizar os transtornos – que um dia, conforme as promessas oficiais, serão sanados com o projeto Santos Novos Tempos -, mas a limpeza atenua os impactos aos quais moradores da Zona Noroeste se deparam, em razão das fortes chuvas de verão.
O que chama a atenção, porém, é o volume crescente de detritos lançados a esmo pelos cidadãos. Nas periferias, um mar de garrafas pets e embalagens – fruto da nossa sociedade de consumo – formam uma ilha de plástico, dificultando o escoamento das águas.
Nos bairros nobres, moradores acham que os canais são valas onde é possível jogar de tudo. Ou não recolher as fezes do animal de estimação, cujo destino é o bueiro, o canal e, dependendo do volume das chuvas, o mar.
O mau hábito reside até no simples ato de jogar um papel no chão. Aliás, antes de escrever este artigo, deparei-me com um ciclista que ao retirar seu último cigarro do maço, resolveu jogá-lo junto ao meio-fio ao lado de um pequeno matagal, algo, aliás, que se tornou comum na paisagem urbana da Cidade. E já está provado que em regiões com características de abandono é comum o aumento dos abusos.
O mesmo ocorre ao final das feiras-livres. Um mar de alimentos – alguns aptos para consumo – forram as vias públicas até serem recolhidos. Sem contar os resíduos do coco nunca reaproveitados, apesar da potencialidade do seu reúso.
São tais atitudes que somadas geram impacto negativo no cotidiano da Cidade, fato evidenciado quando as chuvas se tornam mais fortes, como as que têm caído nas últimas semanas.
Sobre as iniciativas públicas de campanhas como Cidade Sem Lixo ou do recolhimento das fezes dos animais, muito barulho foi feito no início, mas não houve a desejável continuidade. A Prefeitura, porém, promete divulgar na segunda (23) a nova etapa da campanha. Aguardemos.
O tema, portanto, passa por um profundo processo de conscientização e educação para reforçar junto às pessoas os problemas decorrentes do lixo lançado a esmo. Além disso, há a necessidade de uma reformulação da forma como ocorre a coletiva seletiva na Cidade, assim como a instalação de mais coletores e o reforço na capinação (por que não abrir frentes de trabalho usando moradores de rua como mão-de-obra?), sem contar com uma atuação mais incisiva e educativa nas áreas periféricas, onde o lixo se mistura aos barracos, cujos detritos acabam indo para o estuário e, por fim, ao mar.
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