Encerradas as eleições municipais, as atenções se voltam novamente para o debate de temas relevantes para o País, que passam pelo equilíbrio das contas públicas, pela atuação contraditória do Poder Judiciário e pela perspectiva política agora delineada pelo resultado extraído das urnas, que antecipou tendências para o pleito de 2026, especialmente na disputa envolvendo a presidência da República.
Neste contexto, evidencia-se mais uma vez a necessidade de realização de uma ampla e urgente reforma dos sistemas políticos e administrativos, onde devem estar incluídas mudanças de maior abrangência e relevância para a sociedade brasileira.
O atual regime em vigor há muito carece de revisão profunda, especialmente no tocante aos princípios de lisura, proporcionalidade e representatividade, fatores preponderantes para orientar e legitimar processos eleitorais.
O momento, portanto, é notadamente propício para se questionar o modelo de formação e administração dos partidos, hoje transformados em legendas de conveniência que abrigam filiados que sequer conseguem traduzir o significado de suas legendas, quanto mais conhecer os conteúdos programáticos e ideológicos que, por obrigação e dever político, deveriam propagar e defender.
A prática democrática inegavelmente assegura a manutenção das liberdades individuais e de pensamento, propiciando as condições ideais para o desenvolvimento social e econômico do País.
Porém, só poderá ser plena e efetiva quando não prescindir dos valores éticos e morais inerentes à prática das atividades políticas.
Torna-se, dessa forma, imprescindível avaliar o papel exercido pelas casas legislativas e judiciárias, sob a ótica dos custos que geram em comparação com os benefícios proporcionados à população.
Somente com a introdução de mudanças no regime vigente, que assegurem o aprimoramento desses organismos institucionais, será possível recuperar a credibilidade e a importância perdidas pelo excesso de ocorrências desabonadoras.
Se é utopia acreditar que os próprios legisladores tomem a iniciativa de realizar as mudanças necessárias, cabe à sociedade civil a imposição dessa vontade, por meio das entidades organizadas, sob pena de que a omissão avalize um futuro sem perspectiva de melhora.
O Brasil não quer mais a corrupção, a manutenção de castas privilegiadas no serviço público e a politicagem praticada pelos principais expoentes de suas instituições democráticas.
O País, na verdade, deseja estabilidade política e econômica que assegurem melhores condições de vida à população, especialmente para atendimento às demandas de famílias brasileiras que ainda continuam sem acesso às condições mínimas de subsistência e privadas de seus direitos fundamentais.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
Deixe um comentário