A posição geográfica e a politização de Santos, em razão dos movimentos sociais e sindicais, deixaram a Cidade e região, durante décadas, acéfalas de uma universidade pública, em detrimento da expansão universitária em outras localidades, especialmente pelo interior paulista. Campinas e seu entorno, por exemplo, cresceram em razão da Unicamp, implantada a partir do final da década de 60.
Depois de tantas lutas de políticos preocupados com o tema, em especial os ex-deputados Rubens Lara e Mariângela Duarte, a Baixada Santista foi agraciada com um campus da Fatec no final dos anos 80 e na década seguinte, com a Unesp – Universidade Estadual Paulista, cuja unidade, com oferta limitada de vagas, está em São Vicente.
Apenas neste século, Santos ganhou uma universidade pública – ausência suprida pela iniciativa privada. De forma a ampliar a oferta de vagas e expansão de universidades federais, a Unifesp – Universidade Federal de São Paulo instalou-se em 2004 para cursos de extensão e, a partir de 2006, de graduação. Agora, será a vez do Governo do Estado trazer finalmente um campus da USP para cá a partir de 2012.
Hoje, o campus local conta com 997 alunos, 140 professores e 75 funcionários funcionando em três endereços, além de usar salas de aula do colégio São José. No entanto, apesar dos volumes docente e discente, os problemas são constantes. As greves viraram rotina. Até a última semana, professores e alunos estavam de braços cruzados.
Já os servidores técnico-administrativos continuam parados, mantendo 50% do efetivo. Cenas que já viraram rotina não só na Unifesp, mas em boa parte das universidades federais, onde a expansão anunciada pelo governo não passa de engodo, pois em várias unidades a ausência de estrutura mínima para um ambiente acadêmico é notória.
O nomadismo a qual os alunos e docentes são obrigados a fazer em razão da ausência de sede própria traz transtornos a todos. A Prefeitura de Santos, que alugou um imóvel na Avenida Ana Costa para o início da implantação da Unifesp, paga mensalmente R$ 38 mil 509 de locação, algo que deveria ser de competência federal, aliás.
Depois de tantas promessas, ao que parece, segundo a Assessoria de Imprensa da Unifesp, até o final do semestre serão entregues os blocos 1 e 2, que passarão por adaptações necessárias para que as atividades letivas no novo prédio ocorram em 2012.
Depois desta etapa, começará a luta para as obras de ampliação e instalação de cursos de graduação em Engenharia Portuária, Ambiental e de Pesca, além de Oceanografia, com a criação do Instituto do Mar.
Entre greves e falta de estrutura, nossa universidade pública, portanto, ainda está longe de efetivamente contribuir para o desenvolvimento da Baixada Santista, sonho acalentado por aqueles que lutaram pela sua vinda para cá e sabem da importância que uma universidade representa.
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