A decisão do Senado em afastar provisoriamente a agora presidente Dilma Rousseff – fato que deve se tornar permanente diante da dificuldade em se reverter a decisão em razão da abertura do processo de impeachment ter sido sacramentada por 55 senadores, um a mais que o mínimo necessário quando da decisão definitiva – dá uma resposta ao clamor popular das manifestações ocorridas em todo o País diante da avalanche de denúncias envolvendo membros do governo atual e do anterior na Operação Lava-Jato, um remake mais aprimorado do que fora o Mensalão.
Mesmo que a presidente agora afastada bata na tecla que está sendo vítima de um golpe, por não existirem provas contra ela, na prática trata-se de uma decisão política, onde seu governo não foi competente em lidar com as demais forças parlamentares, além de vender ilusões e colocar o País em uma crise econômica absurda. A soberba foi um tiro no pé. E o PT e o Governo reconheceram isso. Tardiamente, aliás.
Em razão desta situação, as esperanças agora estão no governo Temer. O novo ministério, no entanto, não inspira maior confiança. Trata-se de um governo político, recheado por nomes experientes que já estiveram à frente de ministérios nos três últimos governos, incluindo o atual. Alguns, aliás, ligados às denúncias de corrupção.
Aliás, alguns dos indicados são suspeitos de terem se beneficiado da Operação Lava-Jato. Ao se tornarem ministros, passaram a ter foro privilegiado em eventual investigação.
O interessante é que o novo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, responsável pela Polícia Federal, garantiu que dará total apoio e ampliação das investigações ao processo. E se a PF esbarrar em fatos novos envolvendo seus colegas ministros e até o presidente em exercício, Michel Temer, cujo nome também já foi relacionado – sem provas – com recebimento de recursos, fato que ele nega? Como agirá o midiático ministro?
Portanto, se o cenário político não é animador, resta a expectativa sob o aspecto econômico. Afinal, é impossível a situação ficar ainda pior. Com desemprego atingindo 11 milhões de brasileiros, inflação beirando os dois dígitos, e uma letargia com índices negativos nos mais variados segmentos da economia restará ao novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o papel de definir os novos rumos da economia para o País. Os desafios, portanto, ao novo governo são enormes. Ao povo, resta ter esperanças por dias melhores ou temer pelo que virá pela frente.
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