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12 DE ABRIL DE 2015

Teoria do caos

Por: Fernando De Maria

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Talvez você, leitor, já tenha ouvido falar sobre a Teoria do Caos. Enfim, o incêndio ocorrido no Distrito Industrial da Alemoa – o segundo maior do mundo envolvendo bombeiros e que durou oito dias – pode ser considerado um exemplo perfeito para entendê-la. Ela nasceu nos anos 60, quando o meteorologista americano Edward Lorenz descobriu que fenômenos simples têm um comportamento tão caótico como a vida, onde a cada dia há uma surpresa diferente.

Ele chegou à conclusão ao testar um programa de computador que simulava o movimento de massas de ar. Certo dia, ao fazer cálculos, teclou casas decimais a menos e descobriu que os resultados – em razão desta mínima diferença – chegaram a números bem distintos. Ou seja, comportamentos casuais são governados por leis que podem trazer resultados diferentes usando sistemas iguais.

Na década de 70, o matemático polonês Benoit Mandelbrot acrescentou novos elementos à teoria ao notar que as equações de Lorenz batiam com as suas pesquisas quando desenvolveu os fractais, figuras geradas a partir de fórmulas que retratam matematicamente a geometria da natureza. Como resultado, surgiu o Efeito Borboleta, onde uma ocorrência mínima hoje pode provocar efeitos colaterais imprevisíveis no futuro em outro local.

Na Teoria do Caos, uma situação nunca será igual a outra. Assim como um incêndio, dependendo das variáveis. Simples detalhes que podem provocar situações totalmente distintas.

Por exemplo, este é o terceiro incêndio que atinge uma das centenas de tanques de produtos químicos espalhados pelos terminais localizados na Ilha Barnabé, área federal, e no Distrito Industrial da Alemoa, municipal.

Os anteriores ocorreram em 1991 e 1998, ambos na Ilha Barnabé. O primeiro em razão de um raio que caiu sobre um tanque nas primeiras horas da manhã. Sete anos depois, no mesmo local, o foco do incêndio surgiu na casa de bombas. Também de grandes proporções, mas contido com relativa agilidade como o anterior.

A origem do sinistro recente é uma incógnita. Um problema – humano ou técnico, ainda a ser apurado – provocou alguma faísca, que somada ao ambiente (presença do oxigênio para a combustão) e tanques com produtos inflamáveis, contribuiu para uma soma de fatores que culminou em um incidente de proporções imprevisíveis angariando prejuízos coletivos, sejam financeiros, ambientais, de saúde, políticos e sociais. Como pontos positivos, destacam-se a ausência de vítimas e o brio do efetivo do Corpo de Bombeiros, verdadeiros heróis.

Repetir o que fora já dito e divulgado seja na Imprensa diária ou nas redes sociais – um espaço de informações úteis, mas também de idiotice e narcisismo – é chover no molhado.

Fica claro, portanto, que este episódio servirá de exemplo para aperfeiçoamento de planos futuros, mas, seguindo os princípios da teoria do caos, eles não serão suficientes para evitar que voltem a ocorrer. Pelo menos na teoria.

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