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04 DE ABRIL DE 2013

Tirou do sufoco?

Por: Fernando De Maria

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Há um ano escrevi um artigo neste espaço intitulado Apelo Desvirtuado fazendo referência à decisão dos supermercados paulistas sobre a não distribuição de sacolas plásticas aos consumidores , conforme acordo firmado pela Associação Paulista de Supermercados – APAS e o Ministério Público, com base no TAC – Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, firmado justamente com a finalidade de garantir aos clientes um prazo maior para se adaptar ao acerto firmado entre a associação dos supermercados e o Governo paulista.
Como era de se esperar, a ação serviu mais com uma estratégia de marketing, com o lançamento da campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco, cuja proposta real era simplesmente  a contenção de gastos por parte dos supermercados em geral, especialmente das grandes redes, do que efetivamente a preocupação ambiental com a substituição das sacolas plásticas por outras retornáveis. Estima-se que a economia chegaria a R$ 70 milhões anuais. Nada desprezível…
Conforme o TAC, os supermercados eram obrigados a oferecer sacolas de TNT, ráfia, nylon ou polietileno a até R$ 0,59, em substituição às sacolas plásticas. Com a questão ambiental deixada de lado (o site www.ambientesaudavel.org.br só contabilizou a economia de sacolas ao planeta até o dia 27 de junho do ano passado), hoje as sacolas permanecem à disposição do público (assim como o volume de plástico usado nas embalagens dos produtos). Só que a qualidade caiu. E muito.
Se antes as sacolas tinham uma gramatura de 0,4, hoje elas chegam a 0,025 (os fabricantes entregam modelos que pesam – no máximo – 4,2 quilos por milheiro), ou seja, estão mais frágeis, obrigando o consumidor a aumentar o volume das mesmas para transportar suas compras ou então adquirir as retornáveis localizadas junto aos caixas, que custam bem mais que os R$ 0,59 divulgados na ocasião. 
Além disso, muitos supermercados passaram a oferecer sacolas coloridas não personalizadas de origem duvidosa. E a oferta de caixas de papelão vazias pelas redes para o transporte das compras é cada vez mais difícil.
Para comprovar que a decisão das sacolas não alterou os hábitos das pessoas, a Terracom, responsável pela limpeza urbana e do aterro sanitário em Santos, confirma que não  foi alterado o volume de descartes de sacolas durante ou após a campanha realizada pela APAS. 
Na época, a entidade divulgou que apenas na Baixada Santista eram consumidas mensalmente 114 milhões de sacolas descartáveis, o equivalente a 425 toneladas. Somente em Santos, o consumo chegava a 24,7 milhões de sacolas mensais e 299 milhões no ano.
Infelizmente, as questões ambientais foram prejudicadas pela ganância comercial e uma boa ideia acabou caindo em descrédito e no esquecimento coletivo. Um dia, quem sabe, tal cenário mude. Resta saber até quando a natureza vai esperar por isso…

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