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Opiniões

15 DE AGOSTO DE 2014

Vez ao imponderável

Por: Humberto Challoub

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A morte do ex-governador de Pernambuco e candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, gerou grande comoção nacional pela forma trágica como ocorreu e, por consequência, impôs a necessidade de reorganização das forças políticas nacionais diante da premência exigida pelo período de campanha eleitoral em curso. Considerado como uma opção diante das duas principais correntes lideradas, respectivamente, pelo PT e PSDB, ele era tido como uma liderança promissora em um cenário cada vez mais carente de representações dispostas a renovar propostas para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

Herdeiro do legado ideológico deixado por seu avô Miguel Arraes, um dos símbolos da resistência contra a ditadura e figura das mais importantes no processo de redemocratização do País, Eduardo Campos passou a ganhar projeção a partir dos bons resultados obtidos à frente do Governo pernambucano. Sobretudo pela capacidade singular de dialogar com diversos setores políticos e segmentos representativos da sociedade civil. Nesse sentido, é compreensível que sua morte seja lamentada, porque ressalta a expressiva lacuna existente nos atuais quadros da política nacional, ainda preenchidos por personagens que há muito ocupam os principais espaços de poder e lá se mantêm com práticas fisiologistas, articuladas a partir de acordos para atendimento de interesses exclusivamente individuais.

Mais do que a incerteza sobre os efeitos que a sua saída da disputa presidencial acarretará no resultado final das eleições, a partir da migração ou não dos votos que lhe seriam consignados no pleito de outubro próximo, a tragédia ocorrida em terras santistas representa um fator de desalento para os que acreditam na renovação qualitativa da classe política como única forma de assegurar a perpetuação do regime democrático. Principalmente em um momento em que se torna evidente o desinteresse da população em relação aos temas políticos, notadamente entre os mais jovens.

Lamentavelmente, a morte de Eduardo Campos reduz a possibilidade de os eleitores conhecerem visões diferenciadas para soluções de problemas que afetam o conjunto da sociedade brasileira, privando-os, em parte, do saudável exercício democrático assegurado pela diversidade de ideias, mesmo quando elas se apresentam totalmente divergentes ao entendimento da maioria. Sua trajetória, construída pela dedicação e conduta apresentadas durante sua breve participação na vida pública nacional, faz alimentar a crença de que, mesmo com todas as imperfeições constatadas no sistema vigente – e o conceito pejorativo atribuído à política no Brasil -, ainda é o pleno exercício das liberdades democráticas o único meio capaz de transformar uma sociedade que almeja justiça social e prosperidade.

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