Há 40 ou 30 anos, a virgindade antes do casamento era tida como única possibilidade de ser uma mulher honesta e uma noiva bem casada em potencial. Caso contrário, ela entrava para o casamento com a pecha de ter tido intimidade com outro homem. Inclusive, numa situação de inferioridade que, em muitos casos, chegava a limites extremos. Pois um homem que se casava com uma mulher usada estava fazendo um grande favor a ela. Por isso, deveria ser satisfeito em todas as suas necessidades, servidão essa que chegava às raias da subserviência total.
Todavia, os tempos mudaram radicalmente e, em pouco tempo, o oposto é o que às vezes causa constrangimento. Virgindade é sinônimo de que ninguém quis, mas pode também ser escolha. Dia desses tive a oportunidade de orientar uma noiva virgem às vésperas do casamento e percebi quase emocionada, que os valores intactos, muito mais do que perda, guardavam uma inocência rica em crenças e princípios. A surpresa não foi pela virgindade e sim por ver que ainda existem pessoas não contaminadas pelas regras dos modismos e da sociedade.
Nos consultórios de psicologia e terapia sexual, cada dia está mais comum a presença de jovens que querem se preparar para a primeira relação sexual seja por vontade própria ou levada pelos pais, que encaram esse momento como apenas mais uma fase do desenvolvimento do filho e os orientam a procurar um especialista naquilo que não se sentem seguros para fazer. Isso é muito enriquecedor para um educador sexual, pois ao passarmos o verdadeiro papel da sexualidade na vida do indivíduo, temos a possibilidade de restaurar o sexo enquanto sagrado na vida das pessoas não confundamos sagrado com o momento certo ou errado .
Bom, mas voltemos à noiva virgem. Sua emoção, nem um pouco amedrontada em saber que aquele seria o ato de amor, de entrega total no seu casamento. Aliás, ela ficou radiante diante da possibilidade em ter, de fato, a chance de doar-se por inteiro ao seu escolhido. Um pouco romântico demais? Mas também muito erótico, pois o objetivo de relatar-lhes essa experiência é dizer que a sexualidade é única, íntima e totalmente pessoal. O significado que se dá a qualquer encontro sexual é o que marcará a experiência de cada um, muito mais do que ter ou não ter uma pelezinha a mais, para dizer-se virgem.
Além da jovem noivinha, igual questionamento foi feito a mim por uma senhora que é mãe e avó que após anos de viuvez se viu frente a possibilidade de começar de novo uma vida sexual. O desconforto, por não sentir-se apta nem física, nem emocionalmente, e muito mais socialmente. “O que será que meus netos vão pensar? Que carga negativa é essa para uma vivencia que é tão somente de encontro, prazer e comunhão? Qual o momento certo? Preciso ser casada ou tenho liberdade de me apropriar do meu corpo enquanto ser vivo e desejoso?”.
Mais uma vez a o questionamento da virgindade, agora da viúva e digo-lhes noiva virgem, viúva virgem, mulher. Cada vez que você viver sua sexualidade de maneira que, o ato vivido seja marcante; fortuito ou perene; o que vale é dar significado a cada experiência vivida ,significado que não significa pureza ,mas significa sim desejo real, pessoal especial e prazer total.
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