O cenário era todo próspero para uma conquista corintiana. Estádio lotado e com uma torcida que não parava, não parava, não parava de gritar. Em campo, um time que viveu, em 2007, o pior momento de sua história e caminhava para sua volta por cima, tendo no elenco um atacante que já foi campeão do mundo e melhor jogador do planeta algumas vezes, mas que vive sob olhares desconfiados de quem acredita que sua carreira acabou, e que tinha ali a chance de confirmar que estava vivo para o futebol.
Cumprindo um roteiro dramático, cujo ápice tendia a ser aquela partida, o Corinthians segurou um ímpeto de um determinado Santos, que necessitava de um verdadeiro milagre, e que, a bem da verdade, pelo número de oportunidades perdidas no princípio da partida, poderia se concretizar, levantou pela 26ª vez, ao som de “Ôôô, o Coringão voltou!”, o título do Campeonato Paulista, no último domingo (3).
Durante o primeiro tempo, o Peixe dominou a partida, chegando com perigo principalmente pelas alas. No entanto, o momento complicado que vive o atacante Kleber Pereira fez com que, em pelo menos três oportunidades, a bola esvaísse de seu controle. Logo no princípio do jogo, teve uma chance próximo à pequena área, mas bateu por cima do gol. Em dado momento, atrasou ao escorregar para completar cruzamentos rasteiros, e só conseguiu se lamentar, com a expressão de quem não acredita.
Todavia, quando se é artilheiro, mesmo em má fase, de algum jeito a bola tem que entrar. E ela entrou, ainda que em cobrança de um pênalti sofrido pelo próprio Kleber Pereira, aos 28 minutos. O atacante maranhense bateu forte, no canto oposto ao escolhido pelo arqueiro do alvinegro da Capital, e abriu o marcador, fazendo explodir a esperança santista em uma virada que recordaria algumas históricas, como o 5 a 2 sobre o Fluminense, em 1995, pelo Brasileirão.
No entanto, a festa foi curta. Muito curta. Taticamente melhor organizado, o Corinthians, apesar de seguir sofrendo pressão, conseguia encontrar algumas brechas para contra-atacar. E foi numa delas que, aos 33, Dentinho achou o lateral esquerdo André Santos, que chegou antes de Fabiano Eller na bola e disparou um petardo indefensável. O gol que, minutos mais tarde, seria o último do Paulistão 2009 e decretaria, de vez, a conquista do Timão.
O Santos não parou de martelar a defesa rival, mas, a cada minuto, o ímpeto diminuia, já que o milagre, que chegou a ficar tão próximo, já estava se afastando. Para complicar, Vagner Mancini mexeu de maneira estranha, tirando Paulo Henrique, melhor santista em campo, para colocar Robson, engessando o time no meio-campo.
Melhor para o Corinthians, que conseguiu administrar a posse de bola, aguardar o apito final e comemorar o título que ficará marcado como o da redenção alvinegra, tal como o Grêmio, no Gauchão de 2006, após superar o rival Internacional depois de passar 2005 na Série B.