Uma via que nasce na confluência de outras três e ao longo de todo seu comprimento é comercial, residencial, gastronômico e histórico, assim pode ser definida a Rua que leva o nome do autor de “Os Sertões”.
Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu na cidade de Cantagalo-RJ, no dia 20 de janeiro de 1866 e teve uma vida relativamente curta, mas cheia de fatos curiosos.
Estudou na Escola Politécnica e na Escola Militar da Praia Vermelha, tornando-se um militar, primeiro-tenente.
Em 1888, formou-se em Jornalismo e logo em seguida ingressou em A Província de São Paulo – atual O Estado de São Paulo – e em 1897 foi enviado como correspondente da Guerra de Canudos, tal fato foi preponderante em sua vida.
Ao retornar da guerra publica seu livro de maior sucesso e um dos mais notáveis da era pré-modernista, Os Sertões. Tal feito, o fez receber o convite para assumir a cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 21 de setembro de 1903, sucessedendo Valentim Magalhães.
Casou-se com Anna Emília Ribeiro, filha do Major Sólon Ribeiro, um dos líderes da proclamação da República, com quem teve 3 filhos.
Seu casamento foi marcado pela infidelidade de sua esposa e gerou um dos fatos mais curiosos ou intrigantes de sua vida, a sua morte.
TRAGÉDIA DE PIEDADE
Anna durante seu casamento passou a se relacionar com um cadete 17 anos mais novo, Dilermando de Assis.
A união resultou em dois filhos bastardos.
O primeiro morreu no parto e o segundo foi adotado por Euclides.
Esse fato gerou a suspeita dele ter conhecimento do caso de sua esposa.
Em 15 de agosto de 1909, o jornalista adentrou em sua casa, no Rio de Janeiro-RJ, disposto a matar o amante de sua esposa.
No entanto, foi morto pelo homem que iria matar, com seu corpo sendo velado na ABL.
O médico e escritor que assinou seu atestado de óbito assumiu sua cadeira na Academia anos mais tarde.
Anna e Dilermando casaram-se e o matrimônio durou 15 anos.
MINISSÉRIE
Este crime passional poderia cair no esdquecimento.
Porém, em 1990 a Rede Globo fez uma minissérie sobre o escritor, deixando mais famoso o fato dele ser corno do que seu legado autoral.
EUCLIDES OU EUCLYDES?
Assim como diversos nomes de nossa história, ele também tem mais de uma forma de se escrever.
Em seu registro de nascimento foi grafado como Euclydes, no entanto, existem vários documentos e leis com ambas as grafias.
Em alguns casos no mesmo documento, assim como neste texto.
A própria placa da rua, até meados da década passada era escrito Euclides e atualmente está Euclydes.
A RUA
Quem passeia na Euclydes da Cunha pode fazer suas compras no shopping ou nos comércios de rua.
Quando bater aquela fome, pode comer nos diversos bares e pizzarias que ali ficam e ao ir visitar alguém, se deparar com casarões do início do século passado.
Para os fãs do Santos Futebol Clube tem um ponto extra, o número 215, hoje uma casa residencial.
Mas cerca de 70 anos atrás ali ficava a pensão onde foi a primeira morada do rei Pelé na cidade.
Com cerca de 1,15km, iniciando no encontro da Av. Marechal Deodoro, Pça Melvin Jones e Rua Bahia, cortando os bairros do Gonzaga e da Pompéia, terminando no canal 1;
O prefeito Joaquim Montenegro havia sancionado a antiga Rua 200 em 1921.
Após receber o atual nome em 18 de junho de 1919, o então vereador Belmiro de Moura Ribeiro decicidiu homenagear o escritor.
Segundo suas palavras foi “O grande homem de Letras que bem merece a consagração pública pelo estudo que fez do nosso sertão e da sua gente”.
Na Baixada Santista, apenas Praia Grande e Peruíbe também tem como um de seus logradouro o autor de “Os Sertões”.
Ronaldo Tarallo Junior é jornalista