Após o sucesso de Sócrates (2018), que alavancou a carreira do jovem ator Christian Malheiros, a Querô Filmes se prepara para lançar seu novo longa.
Trata-se do documentário Andor, que narra a história do paulistano Andor Stern, o único sobrevivente brasileiro ao Holocausto.
Ele faleceu em abril passado, aos 94 anos.
Portanto, o filme se baseia na obra do escritor santista Gabriel Davi Pierin
Trata-se do livro Uma Estrela na Escuridão, do Ateliê de Palavras.
Assim, o novo filme está inscrito para a Mostra Internacional de São Paulo, que ocorre em outubro.
Além disso, há expectativa que a obra seja aceita no festival e assim “ganhe o mundo”, como diz a coordenadora do Querô, Thammy Weiss.
“Fizemos com recursos próprios para contar a história do único brasileiro sobrevivente ao holocausto”, diz.
Ela participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta terça (30), onde anunciou a nova obra do instituto, criado na segunda metade dos anos 2000.
Dessa maneira, o Querô levou Stern de volta no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde ele relembrou momentos marcantes de sua vida.
“Filmamos lá e aqui para mostrar os ambientes por onde ele passou”, ressalta.
Do Brasil para o Holocausto
Nascido em 1928, filho de pais imigrantes, Stern se mudou para a Hungria, terra natal paterna, quando era criança.
Assim, aos 13 anos, durante a Segunda Guerra, ele foi detido pelas autoridades húngaras por ser brasileiro.
Afinal, o Brasil se juntou aos países aliados, inimigos do Eixo Alemanha/Japão e Itália.
Seus avós, tio e tia grávida foram mortos em câmaras de gás no campo.
Além de Auschwitz, ele vivenciou os horrores da guerra no campo de concentração de Dachau.
Assim, o local foi libertado pelo exército americano em abril de 1945.
Outras atividades
Assim, na entrevista, Tammy falou também dos projetos desenvolvidos pela ONG, como as oficinas Querô na Escola (atividades audiovisuais produzidas em escolas).
E ainda: Querô na Comunidade (produção de documentários nas comunidades, como no Monte Serrat) e a própria Querô Filmes na produção de longas, séries e curtas.
Além da abertura de possibilidades para jovens, gerando oportunidades profissionais ao público de baixa renda.
Dessa forma, anualmente, cerca de 900 jovens passam pelas atividades do Querô e uma parcela acaba entrando no mercado em áreas técnicas como produção, direção, edição e fotografia, por exemplo.
No ano passado, surgiu o Conexões Querô para apresentar oportunidades aos jovens talentos da região em produtoras nacionais, reflexo do know how que a ONG tem ao longo dos mais de 15 anos de existência.
Assim, o instituto é mantido por meio de editais federal (Lei Rouanet), estadual (ProAC) e municipais (diversos), além de apoio de empresas parcerias, prefeituras, universidades e outras instituições.
“A iniciativa privada não tem o hábito de investimentos diretos em Cultura”, destaca, mostrando a força dos programas de fomento (investimentos privados em troca de abatimento de impostos) como forma de sobrevivência de ONGs.
Dessa forma, a chegada do streaming (Netflix, Globoplay, HBO, Star, Amazon, entre outros) também ampliou o mercado de trabalho.
“Durante a pandemia, eles tiveram um papel fundamental para fomentar o audiovisual”, salienta.
Futuro
Assim, anunciada com pompa pela prefeitura, inclusive com a doação de recursos do baile da Cidade em 2020 para a inauguração de escola pública de cinema, o futuro espaço, localizado no Mercado Municipal, ainda não saiu do papel.
Dessa forma, Tammy sugere que o centro cultural atue com viés tecnológico.
Por sua vez, ela toma como referência uma parceria firmada entre o instituto e um grupo dinamarquês, que ganhou edital do Instituto Cultural da Dinamarca.
Assim, em Santos, eles criaram um game ambiental testado em escolas públicas.
“Há espaço para o crescimento e a necessidade de criação de mão-de-obra voltada para a criação de games junto com animação. É um mercado promissor e a escola pública pode ser tornar um local de excelência”, enfatiza.
Confira a entrevista completa