Ser mãe é um sonho para muitas mulheres, que também enfrentam duplas – ou triplas jornadas, pois há responsabilidade na criação e educação de seus filhos.
Além disso, é sempre difícil conciliar o período dedicado à família e ao trabalho.
Mas e quando isso ocorre de forma simultânea?
Conheça algumas histórias de mães e filhos que trabalham juntos.
Tok de Amor
Gisele Mendes (filha) à esquerda e Laura Mendes (mãe) trabalham juntas há 42 anos na tradicional loja Tok de Amor, no Boqueirão. Respeito e carinho são fundamentais. Foto: Nando Santos
Há 42 anos trabalhando juntas, é possível imaginar a relação de amor e trabalho dedicado.
Laura Mendes (mãe) e Gisele Mendes (filha) estão à frente das lojas de roupas femininas Tok de Amor, no Centro de Compras Miramar, no Boqueirão, em Santos.
Elas comentam que – assim como outras empresas – há necessidade de muita disciplina.
“A coisa mais importante quando você trabalha com parentes e filhos é que na hora do trabalho é trabalho, como um funcionário”, enfatiza Laura.
“Trabalhar é muito fácil, pois sabemos lidar muito bem, não conversamos sobre loja no dia de folga”.
Desse modo, Gisele deixa bem claro que as questão do trabalho ficam no trabalho.
Já no dia de folga, como aos domingos, por exemplo, ela gosta de levar a mãe para passear e ir para outros lugares.
Passando o dia inteiro juntas, falam pouco sobre família na loja.
“Não dá para ter aquela coisa, ‘estou brigado com minha mãe, eu não vou falar com ela hoje’. Quando entramos, somos duas mulheres de negócios”.
Nessas mudanças, entre mãe e filha e a interação no trabalho, Gisele assumiu e Laura foi delegando os “poderes” para filha aos poucos.
Hoje, a situação se inverteu, como cita Gisele.
Em especial em razão da pandemia.
No entanto, ela disse que conta com clientes fiéis e uma carteira enorme que não abandonaram mesmo nestes momentos mais difíceis.
“A nossa gratidão não é apenas entre mãe e filha. Nossa gratidão é também com nossas funcionárias, clientes e equipes”, enfatizam.
Vivenda do Nhoque
Empresa familiar, a Vivenda do Nhoque tem no comando o casal Terezinha e Silvio, onde duas filhas, Alessandra e Fabíola, ajudam no cotidiano da loja, que conta hoje com cerca de 15 colaboradores. Foto: Nando Santos
Teresinha Souza dos Santos (mãe), Alessandra Souza dos Santos e Fabiola Souza dos Santos (filhas) também possuem uma história marcante de trabalho e amor em família, presente na Vivenda do Nhoque, casa de massas na Av. Dino Bueno, na Ponta da Praia em Santos, existente há quase 25 anos.
Contudo, o início não foi fácil.
Tiveram vários estabelecimentos no segmento e chegaram até a entregar marmitas pela cidade até que encontraram um ponto na Rua André Vidal de Negreiros, onde surgiu a Vivenda de Nhoque, produto carro-chefe da casa.
Uma empresa 100% familiar, onde o único homem é o patriarca, Silvio, esposo de Teresinha.
Há ainda a filha mais nova, Taluia, psicóloga, moradora na Capital e que, quando está em Santos, também ‘coloca a mão na massa’.
“Tudo começou numa portinha bem pequena. Não tínhamos equipamentos. Só geladeira e fogão. Mais nada”, lembra Alessandra.
“Nós fazíamos só nhoque na época e começamos a vender. Tínhamos outras pessoas que tinham outros estabelecimentos e consumiam nosso nhoque. Pediam uma quantidade grande e com isso conseguimos pagar o aluguel”, conta.
Crescimento
Aos poucos, o movimento foi aumentando, assim como os pedidos.
Dessa forma, outras opções surgiram, como panquecas, rondelles, canellones, salgadinhos, até que conseguiram se desligar por completo das entregas para se dedicar exclusivamente aos clientes da loja.
“Conseguimos comprar outra geladeira e equipamentos. E devagarzinho a gente chegou onde chegou”, diz Alessandra.
Aliás, ela divide suas atividades na loja no período matutino e com a profissão de professora, no vespertino, exceto aos sábados.
Assim, com o aumento da demanda, houve necessidade de um novo espaço.
Dessa maneira, houve a mudança para um novo ponto, próximo ao antigo, na Avenida Dino Bueno, permitindo agregar novos produtos e ampliar o número de colaboradores.
No início, eram apenas 3 funcionários – hoje o número quintuplicou.
Dessa forma, para o sucesso do negócio deve-se respeitar um ao outro.
E ter empatia, de sempre se colocar no lugar do outro, acrescenta Alessandra.
Aliás, é imprescindível ter alguém na posição de liderança e olhar de empreendedor que Teresinha sempre teve.
“Ela comanda as coisas, que é o mais importante, em todos os detalhes. A grande sacada é essa”, complementa.
Quaresma Espinosa Advogados
Os advogados Amanda Quaresma (filha) e Rafael Quaresma (filho) se espelham no trabalho da mãe, Claudia Quaresma, no escritório de advocacia. Foto: Divulgação
Além disso, as histórias de mães no comando dos negócios não se restringem ao comércio.
Aliás, na área de advocacia, isso também ocorre.
Portanto, caso do escritório Quaresma Espinosa Advogados, da advogada Claudia Quaresma, cujos filhos Rafael e Amanda trabalham juntos.
“Tudo começou em 1992/93 quando minha mãe se formou e resolveu abrir um escritório. Ela tem como primeira formação Letras, trabalhou na indústria em Cubatão por 20 anos e com a realização da segunda faculdade, resolveu abrir o escritório de advocacia”, conta Rafael Quaresma.
Doutor na área de Direitos do Consumidor, atuou por 8 anos no Procon Santos.
Dessa forma, em 1996, Quaresma começou a cursar Direito e estagiou em um escritório por 5 anos.
Contudo, em 2000, ao se formar virou sócio no escritório com a mãe, atuando junto com outros profissionais até 2012.
“Em 2013, eu me licenciei para assumir o Procon de Santos, onde fiquei até 2020. Nesse meio tempo, minha irmã mais nova (Amanda) se formou e foi trabalhar conosco no escritório”, diz.
Retorno
Dessa forma, em 2021, Quaresma retornou e formalizou a sociedade.
“A princípio ela já existia, mas era uma sociedade informal entre eu e minha mãe. Hoje, ela está formalizada entre nós três (ele, mãe e a irmã)”, explica Quaresma.
Assim, sobre a relação do trabalho em família, ele conta que o benefício é de poder ter uma confiança plena, absoluta e diferente do que naturalmente acontece em um ambiente profissional.
“Nós cultivamos e mantemos a relação familiar. Minha mãe não deixa de ser mãe e eu não deixo de ser filho. E minha irmã não deixa de ser minha irmã”, acrescenta.
Desse modo, Rafael Quaresma explica que, mesmo atuando e trabalhando no ambiente profissional, o vínculo familiar gera uma maior sintonia e entrosamento.
“Realmente é muito gostoso ter essa experiência muito tempo com minha mãe e com minha irmã. Cada um tem um jeito e atua em uma área fazendo uma parte específica”, acrescenta.
“Na verdade, a gente se completa. Como cada um faz um pouco, cada um faz uma parte. É um time que joga junto e está afinado”.
Clima positivo
“Como a nossa relação é muito boa, no profissional vai bem, o que melhora muito”, acrescenta.
Assim, ele destaca que mesmo com outros advogados trabalhando no escritório isso não atrapalha o ambiente. Ao contrário.
“Recentemente, ampliamos a estrutura, reformamos os escritórios. Almoçamos aqui com a equipe, tudo isso é gostoso e deixa um clima muito bom”, salienta.
“Até para quem não é da família, mas está com a gente, acaba se contaminando no bom sentido com esse alto astral que conseguimos manter no ambiente de trabalho”, comenta Rafael.
No entanto, ele ressalta que as cobranças são como em todas as empresas, onde tudo ocorre dentro do cronograma de trabalho.
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