As lives (eventos realizados ao vivo) têm sido um fenômeno de sucesso durante a quarentena. Por conta da pandemia do novo coronavírus, os artistas começaram a fazer shows de suas próprias casas com transmissão por streaming no Youtube, Instagram.
A explosão de visualizações começou quando as autoridades estaduais do país anunciaram as medidas de isolamento social.
No dia 29 de março, a primeira live do cantor sertanejo Gustavo Lima reuniu mais de 750 mil visualizações simultâneas.
Na semana seguinte, muitos artistas, a pedido dos fãs pelas redes sociais, começaram a anunciar os shows.
A partir daí, começou uma disputa por dias e horários.
O sucesso é tão grande que já tem lives programadas para a metade do mês de maio.
O número de usuários conectados nas transmissões impressiona.
Os shows da dupla Jorge Matheus e da cantora Marília Mendonça ultrapassaram a marca de 3 milhões de acessos simultâneos.
Em termos de comparação é como se toda a população do Uruguai tivesse assistindo a live.
A live do cantor Péricles já atingiu mais de 11 milhões de visualizações.
Vários estilos
Mas não é só show sertanejos, as atrações reúnem diferentes estilos musicais, como: samba, MPB, pagode, rap, axé e funk, ou seja, há live para todos os públicos.
No último domingo (19), a aposentada Diva Borges, de 70 anos, que não sai de casa há mais de um mês por conta do coronavírus teve a oportunidade de acompanhar a apresentação ao vivo do Rei Roberto Carlos, no qual ela é fã, que comemorava 79 anos.
Porém isso, só foi possível graças ao neto que conectou a transmissão na televisão.
A estudante Andrielly Rita tem acompanhado diversos shows, como das duplas Zé Neto e Cristiano, Bruno e Marrone, Pixote e Ferrugem.
“Todas foram legais, principalmente nessa época de quarentena, onde é fundamental ficar em casa. A minha preferida foi da Sandy e Júnior (no dia 21). Fiquei rouca em casa de tanto cantar”.
Solidariedade
Na maioria das lives, os artistas pedem doações para pessoas, entidades e hospitais que estão passando por necessidades em razão da pandemia.
A live ‘Amigos’, que reuniu os artistas Chitãozinho e Chororó, Zezé di Camargo e Luciano e Leonardo arrecadou mais de R$ 1,7 milhão.
O dinheiro será arrecadado ao Hospital do Amor de Barretos e o projeto Amigos do Bem.
Já no show do cantor de pagode, Ferrugem foram arrecadadas 40 toneladas de alimentos.
Assim, a união entre os artistas e o público têm sido fundamental no combate ao coronavírus.
Publicidade e Polêmicas
A publicidade tem sido algo presente na maioria dos shows. De acordo com a coordenadora do curso de Publicidade da Unisanta, Giovanna Capomaccio, as empresas enxergam neste nixo, uma grande possibilidade de divulgar a marca de forma institucional.
Ela ressalta que o mercado publicitário tem procurado o público-alvo dos eventos onlines para trabalhar, conforme o perfil dos consumidores. Um exemplo é que nos shows sertanejos a divulgação de marcas de bebidas e alimentos, como acompanhamento para churrasco, têm sido frequentes.
Apesar do sucesso, as lives não escaparam das polêmicas.
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação ética contra a Ambev e o cantor Gustavo Lima pelo excesso do consumo de bebida alcoólica durante a transmissão do show pela internet.
Após a abertura do processo, o artista anunciou que não faria mais lives.
No entanto, ele foi confirmado como uma das atrações do festival de música online do Villa Mix, o mesmo que trouxe o show Amigos, que durou quatro horas.
Outro artista envolvido em polêmica foi o cantor Léo Santana.
Parte do público não gostou da atitude do cantor em doar 10 cestas básicas a cada 10 mil visualizações.
Com a repercussão negativa, ele pediu desculpas pela maneira em que expressou.
Por fim, a dupla Henrique e Juliano terminou o show com o slogan da campanha do presidente Jair Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
A frase dividiu a opinião dos fãs com discussões nas redes sociais.