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02 DE JUNHO DE 2023

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Santos não pode perder onda de inovação tecnológica, alerta empreendedora

Empreendedora digital, Ludmilla Rossi alerta que a Cidade não pode perder mais uma oportunidade de se tornar um polo de inovação

Por: Fernando De Maria

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Em 2001, quando iniciou sua trajetória profissional em Santos, no litoral paulista, a empreendedora Ludmilla Rossi já vislumbrava os caminhos que a inovação traria para a sociedade.

Na época, a internet no Brasil engatinhava e as redes sociais eram mínimas – MSN era uma exceção.

Nem Facebook nem o próprio Orkut, nascidos apenas em 2004, eram realidade – este último desativado uma década depois.

Mesmo assim, a jovem acreditava no potencial deste segmento e na própria cidade, quando criou a MKT Virtual, criadora de sites – setor que também engatinhava à época.

Sem espaço por aqui, ela buscou novas ares – no caso, a Capital paulista.

Mas, aos poucos, começou a fazer o caminho inverso – contrariando a tendência de outros jovens que deixaram a Cidade por falta de oportunidades.

“Infelizmente, Santos expulsou muita gente em razão disso”, lamenta.

No mesmo período, já surgiam experiências de inovação espalhadas pelo Brasil, como o Porto Digital, de Recife.

Fruto, aliás, da persistência de pesquisadores que acreditaram e apostaram em projetos inovadores.

Hoje, o polo emprega mais de 13.500 profissionais e é referência nacional, abrigando centenas de empresas nos mais variados segmentos.

Assim, como seu equivalente em outro extremo do País, o de Porto Alegre.

A empreendedora digital Ludmilla Rossi aposta na inovação como forma de mudanças na sociedade. Foto: Carla Nascimento

Pandemia e desafios

Com a pandemia, porém, ficou evidenciado que o tradicional cenário de empregabilidade mudou – e também geográfico.

Ou seja, o home-office integral ou parcial veio para ficar.

Foi assim que em abril de 2020 – quando a pandemia da Covid-19 registrava as primeiras mortes, mas a dimensão desta tragédia que levou a vida, somente no Brasil, de mais 702 mil pessoas, era um incógnita – quando Ludmilla começou a colocar em prática um antigo sonho.

Ou seja, criar um verdadeiro polo de ideias e projetos, onde a inovação é a palavra-chave, reunindo pessoas das mais variadas matizes econômicas, sociais, de gênero e raça.

O fruto deste sonho se tornou real em dezembro de 2021 – ainda durante a pandemia – quando Ludmilla abriu o Juicyhub, localizado no Gonzaga, em Santos.

Ou seja: ‘uma plataforma que conecta cidades e pessoas para acelerar a nova economia fora das metrópoles’, como se apresenta logo na abertura do site da empresa.

O espaço colaborativo – e bem criativo – reúne mensalmente uma média de 1.200 pessoas, com uma comunidade efetiva de 150 profissionais de perfis distintos, mas com objetivo comum: inovar em busca de uma sociedade melhor.

“Vi que era uma janela de oportunidades”, enfatiza ao idealizar o seu sonho junto com seu sócio, Maurício.

“A iniciativa privada precisa destas faíscas”, acrescenta.

Um ano e meio depois ela se orgulha dos resultados e já planeja ampliação para agregar novos serviços – e projetos inovadores.

Mudanças de hábitos

A profissional cita estudos realizados nos Estados Unidos – não há trabalhos semelhantes no Brasil – que mostram que após a pandemia houve um movimento migratório das metrópoles para as cidades médias e menores.

E neste contexto, diante da proximidade com a Capital, Santos, principal cidade do litoral paulista, reúne todas as condições para abrigar esta nova demanda.

“Recebo diariamente mensagens de pessoas que têm nos contatado com a ideia de vir ou voltar para Santos”, destaca.

Além de qualidade de vida e custo menor que as grandes metrópoles na região Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, a Cidade oferece facilidades de mobilidade urbana e outras características atraentes.

Não é à toa que apenas neste início de ano, quatro novas escolas particulares abriram sua portas, a maior parte na Ponta da Praia.

Aliás, bairro que tem recebido cada vez mais moradores e empreendimentos de alto padrão.

Novos horizontes

No entanto, o desafio poderia ser potencializado – e agilizado – se a cidade apostasse na inovação como ferramenta para geração de empregos e negócios, ampliando horizontes nas mais variadas ideias.

Ou seja, não se limitando ao atendimento ao setor portuário, sempre lembrado em razão da Cidade abrigar o maior Porto da América do Sul – mas sem abrir mão de outras ideias inovadoras, como economia criativa, audiovisual, games e outras áreas, muitas vezes abandonadas ou ‘mortas’ por falta de incentivo e apoio financeiro.

“Perdemos janelas importantes. Isso não pode voltar a ocorrer”, alerta Ludmilla.

Ela participou do Jornal Enfoque desta quinta (1), onde destacou o potencial que a Cidade tem – e não pode perder – para fomentar ideias inovadoras e atrair investimentos no setor.

Juicyhub: proposta aposta na inovação, ideias e conceitos distintos em busca de novas oportunidades e ações. Foto Yara Tomei/Divulgação

Santos e qualidade de vida

“Santos é uma cidade incrível para a gente viver de forma digna, atendendo a todas as camadas sociais”, enfatiza.

Para se aprofundar em temas complexos, Ludmilla foi buscar nos livros conhecimentos sobre discussões atuais da sociedade.

Estudou Sociologia, História do Trabalho,  além da relação inovação com prosperidade.

“Eu fui mergulhar nestes conceitos para entender o que é espaço compartilhado, coworking e outros termos”, diz.

Cita, por exemplo, que a inovação pode ser encarada de várias formas.

Ou seja, foca na inovação como criadora de mercado, gerando prosperidade e um ecossistema mais frutífero para todos.

Mas, ressalta os impactos na inovação de eficiência, onde a proposta só interessa à empresa contratante, cujo objetivo central é substituir a mão de obra pela implantação da tecnologia.

“Isso só interessa às empresas”, acrescenta

Assim, como a inovação de sustentação, mas não há garantia que gere mais empregos e prosperidade coletivas.

O Paradoxo da Prosperidade

Para tanto, um livro de cabeceira é obrigatório para quem pretende encarar e entender este universo.

O Paradoxo da Prosperidade: como a inovação pode tirar as nações da pobreza,  dos autores Clayton Christensen, Efosa Ojomo e Karen Dillon.

Assim, a obra identifica “os limites dos modelos comuns de desenvolvimento econômico, que tendem a ser os esforços verticais (de cima para baixo), oferecendo nova estrutura para o crescimento econômico tomando como referência o empreendedorismo e a inovação que criem mercado”.

Além disso, seria uma forma de evitar que uma massa pensante saída das universidades e faculdades da região – ou não – tenham o Sistema Anchieta-Imigrantes como a válvula de escape e futuro rumo a novos desafios profissionais.

“Precisamos quebrar ciclos de pobreza geracional”, diz.

Assim, a saída, segundo ela, é atrair o jovem que sai do Ensino Médio para o mundo da inovação.

Além disso, ela aposta não só na diversidade de gênero e raça, mas também de gerações.

Ou seja, unir jovens com pessoas mais experientes.

Somente em Santos, quase 1/4 da população tem acima de 60 anos.

“Isso cria uma mentalidade de transformação nos ambientes”, acrescenta.

Imóvel foi entregue em outubro de 2020, mas está parcialmente ocupado. Ocupação plena está programada para outubro. Foto: Divulgação/PMS

Parque Tecnológico de Santos

Neste sentido, Ludmilla, que sempre questionou o papel do Parque Tecnológico de Santos, aposta na gestão do novo presidente Eduardo Bittencourt, profissional da área, que assumiu o cargo em abril.

“Ele tem energia realizadora. É uma pessoa que não vai sossegar e abriu mão de muitas coisas para estar lá”, acrescenta.

Assim, ela sempre defendeu a ideia da criação de um distrito tecnológico, antes mesmo da criação do parque.

“Mas como o prédio já está funcionando, temos que dar um destino para ele”, acrescenta.

Não bastasse, ela salienta que os gestores não podem esquecer o entorno do Parque Tecnológico, uma área carente e próxima aos cortiços, um dos polos de pobreza na Cidade.

Durante o programa, a empreendedora digital também comentou também sobre o papel das universidades na região e a sua relação com a inovação, ChaptGPT e outros temas.

Internacional

Dessa forma, a santista Ludmilla Rossi embarca no final do mês para Londres onde fará – ao lado de outras 49 mulheres – um curso gratuito oferecido pelo Santander Becas.

Assim, durante uma semana, ela vai estudar na London School of Economics.

E em setembro, ela participará de um  curso em Washington D.C, nos Estados Unidos, também para mulheres empreendedoras e inovadoras, onde também ganhou bolsa.

E assim, levar sua experiência e do Juicyhub para o mundo afora.

Para acompanhar ou rever o programa, basta acessar o link abaixo

 

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