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Pelo menos três lixões de capitais brasileiras – Goiânia (GO), Manaus (AM) e Teresina (PI) – podem gerar desastre ambiental, semelhante ao que ocorreu em junho na cidade de Padre Bernardo (GO), no Entorno do Distrito Federal. O alerta é do presidente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), Pedro Maranhão.
Segundo ele, essas cidades precisam imediatamente transferir as atividades de receber resíduos sólidos para aterros sanitários. “Essas três cidades têm opções para isso”, garante. A Lei de Resíduos do Solo, que completa 15 anos, em 2 de agosto prevê, em geral, que as cidades eliminem lixões e passem a ter aterros que tratem dos materiais.
Desastre em GO
Portanto, no dia 18, pelo menos 40 mil metros cúbicos de resíduos do aterro sanitário privado Ouro Verde desmoronaram em uma área de conservação ambiental do município, com chorume escorrendo pelo Córrego Santa Bárbara. Os reflexos para o meio ambiente ainda são mensurados. A Justiça interditou provisoriamente o local no dia 26, mas os efeitos para a comunidade ainda estão longe de acabar.
“Aquele lixão era a crônica de uma morte anunciada, uma situação que estava se perpetuando. Nós já tínhamos denunciado e encaminhado à Justiça”, afirma Pedro Maranhão. Para ele, não se tratou apenas de um grande desastre ambiental, mas também social e econômico que teria ocorrido com a conivência da prefeitura, na avaliação dele.
Na semana passada, o prefeito de Padre Bernardo, Joseleide Lázaro, disse à Agência Brasil que a gestão municipal estava de “mãos amarradas” em função das liminares que os proprietários do aterro conseguiram na Justiça.
Riscos elevados
A 250 quilômetros de Pedro Bernardo, a capital Goiânia tem, no entender de Pedro Maranhão, um dos lixões com maior risco.
“A prefeitura disse que não é lixão, mas sim um aterro controlado. Aterro que não trata chorume nem gaseificação nem drenagem e não tem uma preocupação com o aproveitamento do resíduo, é um lixão”, diz o presidente da Associação.
Para ele, a expressão aterro controlado é uma espécie de eufemismo para não identificar o local como “aterro controlado” sem ser um aterro sanitário.
Outra capital citada por Pedro Maranhão com situação crítica é o de Teresina (PI). Na cidade, o pesquisador cita que a prefeitura tem interesse de abrir uma licitação para criar aterros sanitários. Em Manaus, também de acordo com o presidente da Abrema, a prefeitura destina o resíduo para um lixão, havendo possibilidade de transferir as atividades para um aterro.
Dessa maneira, Pedro Maranhão explica que um aterro sanitário é uma obra de engenharia que segue padrões e tem fiscalização. Um espaço com impermeabilização, tratamento de chorume e dos gases. Capta metano para não ir pro ar e gerar efeito estufa.
“Em Porto Alegre (RS), há um exemplo positivo de aterro. Mesmo com a catástrofe das chuvas no ano passado, não houve impacto na estrutura do aterro por lá”.