Câmara dos Deputados analisa PEC que criminaliza a posse ou porte de drogas | Boqnews
Pela proposta, a quantidade de drogas não definirá quem será ou não preso. Foto: Divulgação

Qualquer quantidade

02 DE JUNHO DE 2024

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Câmara dos Deputados analisa PEC que criminaliza a posse ou porte de drogas

Deputados analisam a possibilidade de criminalizar qualquer pessoa com porte ou posse de entorpecentes, independente da quantidade

Por: Lucas Pordeus León
Agência Brasil

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2023 que criminaliza a posse ou o porte de qualquer quantidade de droga será analisada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados na próxima terça-feira (4).

A proposta foi aprovada no Senado no dia 16 de abril como uma reação do Congresso ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que prevê a descriminalização do porte de maconha.

A PEC acrescenta um inciso ao art. 5º da Constituição para considerar crime a posse e o porte de qualquer quantidade de drogas sem autorização ou em desacordo com a lei.

Segundo a proposta que vem do Senado, deve ocorrer a distinção entre o traficante e o usuário pelas circunstâncias fáticas do caso concreto.

Assim, aplicam-se aos usuários penas alternativas à prisão, além de tratamento contra a dependência.

Na CCJ da Câmara, o relator é o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP).

A expectativa é que o parlamentar apresente seu parecer sobre o tema na terça.

Em seguida, é possível que qualquer deputado peça vista, o que deve adiar a votação do tema por, no mínimo, duas sessões do plenário da Câmara.

Assim, se aprovada na CCJ, a PEC segue para análise do plenário.

Senado

O autor da PEC é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que apresentou a proposta em setembro de 2023.

Na ocasião, o placar a favor da descriminalização do porte de maconha estava 5 a 1 no STF.

No plenário do Senado, a medida foi aprovada por 53 votos favoráveis e apenas nove contrários.

O relator no Senado, Efraim Filho (União-PB), defendeu que a descriminalização da maconha poderia agravar os problemas do país.

“A simples descriminalização das drogas, sem uma estrutura de políticas públicas já implementada e preparada para acolher o usuário e mitigar a dependência, fatalmente agravaria nossos já insustentáveis problemas de saúde pública, de segurança e de proteção à infância e juventude”, disse.

A proposta sofre resistência de parte dos parlamentares, de especialistas e movimentos sociais.

Para a organização Human Rights Watch (HRW), a medida é um retrocesso na política de drogas do país.

“Em vez de cimentar uma política fracassada na Constituição, os parlamentares deveriam seguir o exemplo de muitos outros países, descriminalizando a posse de drogas para uso pessoal e desenvolvendo estratégias de saúde eficazes para prevenir e responder ao uso problemático de entorpecentes”, disse a pesquisadora da HRW, Andrea Carvalho.

Entenda

A chamada PEC das drogas foi uma reação do Congresso Nacional ao julgamento que ocorre no STF desde 2015.

O Supremo analisa a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas (Lei 11.343/2006).

Afinal, ela cria a figura do usuário, diferenciado do traficante, que é alvo de penas mais brandas.

Para diferenciar usuários e traficantes, a norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade.

Além disso, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatório a curso educativo para quem adquirir, transportar ou portar drogas para consumo pessoal.

A lei deixou de prever a pena de prisão, mas manteve a criminalização.

Dessa forma, usuários de drogas ainda são alvos de inquérito policial e processos judiciais que buscam o cumprimento das penas alternativas.

No caso concreto que motivou o julgamento, a defesa de um condenado pede que o porte de maconha para uso próprio não se considere como crime.

O acusado acabou preso com três gramas de maconha.

 

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