A audiência pública para discutir soluções sobre o novo sistema viário e as obras realizadas na Ponta da Praia, ocorrida na noite de terça (23), deixou os ânimos exaltados dos moradores.
Promovido por duas comissões de vereadores e presidido por Sadao Nakai (PSDB), o encontro ocorreu no Clube de Regatas Vasco da Gama e recebeu moradores do bairro e autoridades.
Marcada por fortes questionamentos e inseguranças por parte da população, a audiência revelou um pouco do parecer público sobre o projeto.
O gestor do projeto Glaucus Farinello apresentou mapas e projeções para o programa, esclarecendo dúvidas pontuais.
Segundo o gestor, as principais propostas do projeto são melhorias no turismo e economia da cidade.
Para o turismo, propôs mudanças como aumento do espaço de calçadão próximo à linha d’água, quatro novos quiosques.
E ainda: duas novas rampas náuticas e construção da ciclovia junto à beira-mar, que se estende até o Ferry Boat.
Glaucus também afirmou que haverá relocação e aumento de árvores, totalizando 457 delas pelo calçadão a partir do Canal 6.
Para a economia, segundo ele, as principais ideias reorganizam o acesso portuário.
O aumento da área destinada à Dersa para embarque de veículos (sentido José Menino-Ponta da Praia), com acréscimo de três faixas de rolamento a partir do canal 7, promete concentrar o acesso às balsas pela praia.
Ao todo, serão sete faixas de rolamento para reorganizar o acesso às balsas e cidade.
Assim, o canteiro central – onde hoje está a ciclovia – será reduzido.
Cinco no sentido José Menino – Ponta da Praia.
Já no sentido oposto serão duas faixas de rolamento que serão deslocadas para junto do alinhamento predial.
A ciclovia, por sua vez, será adequada junto ao calçadão à beira-mar.
Entre os canais 6 e 7 permanecerão duas faixas de ida e volta.
Obras
A reforma também criará faixas de estacionamento em bolsões posicionados no deck de pescadores e na Ponte Edgard Perdigão.
Para liberar o trânsito no trecho atual do Mercado de Peixe, o projeto também pretende aumentar a praça Almirante Gago Coutinho e revitalizar a região.
Isso inclui a edificação de um novo Centro de Convenções, que substituirá o Mendes Convention Center.
O novo empreendimento deixará de ser da iniciativa privada e será entregue ao Poder Público como forma de contrapartida à construção de um amplo empreendimento imobiliário no bairro.
Ao todo, serão 1.120 apartamentos, em torres edificadas na região dos clubes (nos fundos do Vasco e Saldanha da Gama e em toda a extensão do antigo Regatas Santista).
Relação harmônica
A ideia é “garantir uma relação mais harmônica entre porto e cidade”, afirma Farinello.
O gestor afirma que este projeto aumentará em 100% a capacidade de veículos no bolsão interno, melhorando o fluxo de veículos e facilitando o trânsito na região.
A obra terá a extensão de aproximadamente dois quilômetros, afetando quatro trechos da Ponta da Praia.
Prós e contras
Na abertura para perguntas à plateia, a população se posicionou majoritariamente contra o projeto de revitalização da Ponta da Praia.
Um dos principais questionamentos foi relacionado a questão das vagas de estacionamento.
Isso porque muitos dos moradores do bairro estacionam pela Avenida Almirante Saldanha da Gama.
Em resposta, os técnicos afirmaram que 20% das atuais vagas serão reprimidas. (cerca de 50).
Outra dúvida foi em relação à melhoria do trânsito.
Afinal, muitos dos presentes consideraram uma falácia pela questão do aumento de faixas de rolamento e fluxo de veículos.
Questões como a existência de faixas únicas para motos e ônibus também foram criticadas pela população.
Coordenador da audiência, o vereador Sadao Nakai (PSDB) criticou a falta de detalhamentos sobre as mudanças.
“Também ficaram dúvidas sobre o bolsão de fila para travessia e contorno para retorno a outra pista. As respostas para as reclamações de falta de informações técnicas não convenceram”.
O diretor-presidente da CET de Santos, Rogério Vilani, que também compunha a mesa, afirmou que todas essas questões foram devidamente consideradas e estudadas na fase de planejamento do projeto.
Assim, outras reclamações vieram à tona.
Como os impactos dessas intervenções para o acesso dos moradores, os gastos para execução do projeto e seus efeitos ambientais.
Os moradores também questionaram a falta de análise da opinião pública.
Eles pediram à comissão pela criação de um plebiscito para aprovação do projeto.