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Risco real

28 DE JUNHO DE 2022

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Instalação de terminal de fertilizantes levará à fuga de operadoras de cruzeiros

A Antaq defende que as obras ocorram de forma simultânea, especialmente quando não tiveram navios atracados. Porém, os impactos poderão trazer prejuízos ao setor turístico

Por: Fernando De Maria

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A proposta levantada durante a audiência pública do STS-53 – que prevê a instalação de um terminal de fertilizantes na região de Outeirinhos vizinho ao terminal da Concais – com obras simultâneas à movimentação de passageiros, pode levar à desistência de armadores e diminuição de escalas de cruzeiros no cais santista nos próximos anos.

Durante a audiência, técnicos da Antaq – Agência Nacional de Transportes Aquaviários informaram que as obras deverão ocorrer de forma simultânea.

Dessa forma, eles garantem que elas  não atrapalhariam o embarque e desembarque de passageiros no período de movimentação de navios.

Em média, a temporada de passageiros dura cerca de 6 meses – ou aproximadamente 200 dias, ficando os atracadouros praticamente vazios nos demais meses.

Por sua vez, a autoridade portuária quer aumentar a produtividade do cais santista, especialmente com o processo de desestatização.

Com quase 88 mil metros quadrados (equivalente a dez campos de futebol oficiais), o terminal STS 53 se destinará à movimentação e armazenagem de granéis sólidos minerais, especialmente adubos (fertilizantes) e sulfatos, de acordo com o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos (PDZ).

Assim, a previsão é de investimentos de aproximadamente R$ 659 milhões.

A consulta pública sobre o arrendamento do terminal se encerra nesta quinta (30).

Dessa forma, o Governo Federal pretende fazer o leilão até o final deste ano.

No entanto, se isso ocorrer, há o sério risco de armadores de transatlânticos começarem a deixar o porto de Santos para escalas futuras a medida que as obras do novo terminal avancem.

Alerta

O alerta é do educador, jornalista e empresário, co-fundador da Deck 4 e do Projeto Social Jovens Tripulantes, Fabrício Brito.

“Não dá para ter as dois coisas juntas”, alerta Brito, com experiência de ter atuado dentro e fora das embarcações por 22 anos.

“Tive contato com diretores e presidente de armadoras de navios e sei que se ocorrerem empecilhos e problemas será bem possível que as empresas deixem de incluir  o Porto de Santos para fazer escalas por aqui, procurando outros portos, por exemplo, como do Rio de Janeiro”, salienta.

Por sua vez, Brito ressalta que é real a possibilidade da diminuição e transferência de escalas no cais santista, caso a vontade da Antaq prossiga.

“Não podemos perder isso”, salienta.

Brito participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias de hoje (28).

Além disso, o órgão federal promete a construção de um novo terminal na área do Valongo,  ainda sem detalhes de como e quando isso ocorrerá.

No entanto, a prefeitura de Santos se coloca contra à iniciativa federal (veja detalhes aqui).

Pelo menos, 450 mil passageiros deverão passar pelo terminal santista somente na próxima temporada.

Por sua vez, a expectativa é que isso ocorra com riscos menores de contágio em razão da pandemia, ao contrário do que ocorrera na anterior.

Educador e co-fundador da Deck 4 e do projeto social Jovens Tripulantes, Fabrício Brito, falou do projeto, das perspectivas para jovens e sua preocupação com os impactos de eventuais mudanças no terminal de passageiros em Santos. Foto: Carla Nascimento

Jovens Tripulantes

Durante o programa, Brito também falou sobre o trabalho social desenvolvido no projeto social Jovens Tripulantes, nascido com a proposta de encaminhar jovens em situação de vulnerabilidade social para trabalhar em cruzeiros marítimos.

Atualmente, os brasileiros se destacam em três setores dentro das embarcações: cozinha/restaurante, bar e governança.

Por sua vez, os salários iniciais chegam a U$ 1 mil (R$ 5,2 mil) mensais.

Dessa forma, como alimentação e hospedagem são gratuitos, os gastos pessoais são mínimos, permitindo que muitos consigam fazer seu ‘pé de meia’.

Ao todo, 18 mil jovens interessados em trabalhar em cruzeiros já passaram pelos cursos oferecidos pela Deck 4.

Neste sentido, um dos destaques é a parceria com o Instituto Neymar, em Praia Grande, que destina 100 vagas para jovens do município, graças ao apoio do grupo Peralta, dono do Litoral Plaza.

Assim o grupo intermediou a mesma oferta de vagas em Mauá, onde funciona outro shopping da mesma rede empresarial, e voltado para jovens de áreas de periféricas do Grande ABC.

Uma nova etapa do projeto, com 300 vagas, ocorrerá no próximo mês, cujas informações podem ser obtidas, em breve,  neste link

Riscos

Na semana passada, após encontro com o diretor da Antaq, Eduardo Nery, o prefeito de Santos, Rogério Santos, manifestou sua preocupação em relação à possibilidade da implantação do terminal de fertilizantes em uma área próxima às residências, além dos impactos na movimentação dos navios de passageiros.

Ainda que haja a promessa do novo terminal no Valongo.

Para Santos, o futuro terminal de fertilizantes só poderia funcionar com a entrega do novo terminal de passageiros.

Já o terminal de produtos químicos ocupará área atual mantida pela empresa Marimex – onde hoje encontra-se um terminal de contêineres.

E ainda: outra área vizinha ao de passageiros da Concais, hoje operada pelo grupo Bandeirantes/Deicmar.

Além disso, o local receberá a pera ferroviária, permitindo a ampliação da capacidade de movimentação deste tipo de modal no cais santista.

Por sua vez, na sessão da Câmara desta terça (28), o vereador Francisco Nogueira (PT) defendeu que a prefeitura pressione a Antaq para que o terminal de fertilizantes não seja instalado no local residencial.

E mesmo que haja a garantia da mudança do terminal de passageiros para o Valongo.

Assim, Nogueira lembrou as tragédias ocorridas em Beirute (Líbano), com mais de 200 mortes e milhares de feridos, e recentemente na Jordânia, com 10 mortos.

Área de quase 88 mil metros corre o risco de receber um terminal de fertilizantes e produtos químicos. Foto: Divulgação

Antaq

Em nota, o Ministério da Infraestrutura – a qual a Antaq responde – garante que todas as demandas de outros setores serão ouvidas.

“Todas as modelagens elaboradas pelo Ministério da Infraestrutura nos mais de 50 leilões realizados nos últimos anos levam em consideração as manifestações de diversos órgãos.

Prioritário para o Ministério da Infraestrutura, o projeto levará em consideração todas as contribuições recebidas durante as audiência e consulta públicas.

Assim, a proposta visa transformar o Porto de Santos no maior ancoradouro do Hemisfério Sul.

Por sua vez, a projeção de investimentos supera R$ 16 bilhões e de geração de empregos, 60 mil postos de trabalho.

A desestatização também vai aumentar a competitividade e resultará na duplicação da capacidade do porto.

A análise das contribuições sobre a desestatização da Autoridade Portuária e a concessão do Porto de Santos está em análise, bem como a avaliação dos impactos na modelagem acerca das contribuições.

Ressaltamos que, após a análise das contribuições de toda a sociedade, haverá a formatação do projeto e, na sequência, envio ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Assim, conforme informado pelo Ministério da Infraestrutura em diversas oportunidades e reiterado nas duas audiências públicas, o projeto de desestatização do Porto de Santos não impacta o trabalhador portuário avulso registrado no Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). A previsão do órgão e sua exclusividade são definidas em lei e não há qualquer iniciativa do Ministério para propor alteração no modelo”, assegurou.

Jornal Enfoque – Manhã de Notícias

Confira o programa com Fabrício Brito

 

 

 

 

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