No último dia 6, as tarifas de 50% impostas sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos entraram em vigor. Embora a medida atinja o setor econômico, os reflexos indiretos já começam a ser sentidos em outras áreas, como no turismo, especialmente nas viagens do Brasil aos Estados Unidos.
Procura por viagens
Segundo o presidente da Associação dos Profissionais de Turismo da Baixada Santista (APT), Eduardo Silveira, é possível afirmar que os Estados Unidos são um dos destinos mais desejados pelos brasileiros. “A maior prova disso foi o número recorde de turistas brasileiros que viajaram em 2024 para destinos como Orlando, Miami, Los Angeles, Washington, Hawaii e Nova York. Mas desde o início de 2025, esse movimento tem diminuído, muito mais em função da valorização da alta do dólar americano, do que em função do tarifaço aplicado ao Brasil pelos Estados Unidos”.
Queda
Ele menciona que a queda gradual de viagens para os EUA já estava ocorrendo desde o início desse ano por questões econômicas, mas acredita que a postura do governo Trump frente as demais nações, e até mesmo como ele tem tratado seus vizinhos, são atitudes avaliadas e consideradas no momento em que um turista está definindo o destino de sua próxima viagem.
“Entidades do setor de Turismo nos EUA falam da preocupação com os efeitos pela queda no número de turistas que visitam os EUA. O Brasil é um dos cinco maiores destinos de turistas para os EUA, para lazer e intercâmbio”, comenta o presidente.
Alternativas
Ele também comunica que o aumento de tarifas gerou mudança no comportamento dos consumidores, como a escolha por destinos alternativos fora dos EUA, pois quem viaja faz o inclusive o planejamento financeiro da viagem. Atualmente, o aumento no custo para viajar, tirar ou renovar o visto faz com que o turista busque por novas opções de viagens.
“A Europa e os países do Mercosul são destinos de viagem queridinhos dos brasileiros. Mas recentemente temos notado que há uma nova “onda” de viagens para destinos no Caribe, como Republica Dominicana, Panamá, Curaçao, Costa Rica; e a procura dos destinos que são isentos de vistos para brasileiros, como Dubai e recentemente a China, que liberou o visto para turistas brasileiros.”
Turistas brasileiros
Silveira menciona que certamente nos próximos meses os números e dados do setor vão demonstrar a queda no número de turistas brasileiros que viajaram para os EUA. “Esses indicadores virão do movimento de embarques com as cias aéreas. É possível sinalizar que houve uma migração dessa demanda para destinos como Europa, América do Sul, Caribe e Ásia”.
Setores
Ele reforça que o setor de turismo é um grande ecossistema de empresas e de negócios que trabalham de forma que um elo depende do outro. Mas há setores mais afetados, como é o caso dos hotéis e os atrativos como parques de diversão, locação de veículos e guias de turismo. “Um exemplo são os parques da Disney em Orlando. Apesar de eles serem grandes atrativos e o sonho de muitos, hoje em dia é possível visitar e até conhecer esses parques em outros destinos, como a Euro Disney na França. Quando falamos que viajar é realizar sonhos, às vezes em alguns momentos é preciso adaptar esse sonho. Mas nunca deixar de realiza-lo.”
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