Nesta terça-feira (31) é lembrado o dia do combate ao Câncer Bucal. Este tipo de neoplasia maligna é considerado o 4º tipo de câncer mais frequente em homens e 10º tipo de câncer em mulheres na Região Sudeste. Mesmo ocorrendo com certa frequência, o câncer de boca ainda é negligenciado ou desconhecido pela maioria da população.
Um dos principais alertas são para as manchas ou feridas na boca (semelhantes à afta) que não desaparecem em até duas semanas. O dentista estomatologista José Narciso Rosa Assunção Junior explica que o autoexame é uma das principais armas para detectar algum problema na boca. “Diferentemente das aftas, normalmente estas manchas ocorrem, inicialmente, sem dor e, por vezes, estão em áreas difíceis de se enxergar com um rápido exame”, conta. “O autoexame é fundamental para verificar se lábios e boca estão saudáveis”, afirma.
Dados nacionais para 2016 indicam que a estimativa desta doença em regiões específicas da cavidade oral ocorrerão em quase 15.500 novos casos no Brasil. Destes, 20% ocorrerão no estado de São Paulo.
Sintomas
Além das feridas indolores que não cicatrizam na boca ou no lábio, outros sintomas podem ocorrer como caroços, inchaços ou sangramentos. Os sintomas podem aparecer no lábio, bochecha, céu da boca e glândulas, por exemplo, mas o local mais comum é na língua, mais especificamente nas bordas da língua. Em casos avançados podem surgir dificuldades para engolir, falar ou se alimentar.
Causas
A causa mais comum é o cigarro. “É um dos fatores mais recorrentes no processo para iniciação de um câncer, aliado à predisposição genética”, afirmou. Em pessoas que fumam e bebem, a chance de desenvolver o câncer da região da cabeça e pescoço aumenta ainda mais. “O álcool aliado ao fumo potencializa e facilita o desenvolvimento da doença em 15 vezes mais”, disse.
A exposição ao sol também é um importante fator de risco para o câncer de lábio. “Por isso a importância da utilização do protetor labial, principalmente aos profissionais que ficam expostos ao sol, como profissionais do porto, praia e rurais”, conta Assunção Rosa Junior. Este tipo de câncer não é hereditário como alguns outros, como o câncer de mama, por exemplo.
Antigamente, o perfil do paciente com câncer bucal era focado somente em homens, brancos, de baixa renda e escolaridade, que bebem e fumam. Hoje, esta realidade mudou, com casos ocorrendo em mulheres e jovens.
Tratamento
Ao verificar alterações na boca, é importante marcar uma consulta ao dentista. Este por sua vez irá avaliar e, se necessário, encaminhará o paciente ao dentista estomatologista. “Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor”, conta o dentista.
O tratamento do câncer bucal depende do local, do tamanho, do tipo do tumor e do estágio da doença. Normalmente o tratamento é cirúrgico e, dependendo do tamanho é feita a cirurgia aliada à quimioterapia e radioterapia com equipe multidisciplinar composta pelo cirurgião de cabeça e pescoço, radioterapeuta, oncologista clínico, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, dentistas, dentre outros.
Futuramente, segundo ele, estuda-se o tratamento avaliando a biologia molecular e imunoterapia para que o tratamento seja específico para cada paciente.
Saiba como fazer o autoexame da boca
1- Em frente ao espelho, deve-se conhecer bem seus lábios, bochechas, língua e boca, qual o formato e aparência deles quando estão em situação normal.
2- Com os dentes cerrados, examinar lábios inferiores e superiores (parte de dentro).
3 – Depois, colocar a língua para fora. Verifique as laterais dela também.
4 – Verificar o lado de dentro das bochechas.
5 – Verifique desde o último dente detrás até a garganta.
6 – Encoste a língua no céu da boca e observe se há alteração na parte debaixo da língua. Analise o céu da boca.
7– Abra a boca e verifique os demais cantos internos.
8- Passe a mão na parte externa das bochechas, nos lábios e pescoço para detectar qualquer anormalidade.
9 – Se encontrar algo anormal, procure ajuda.
Outros cuidados: Atente-se também a dentaduras mal colocadas, dentes em más condições (quebrados, por exemplo). Evite traumas na boca. O trauma tem o poder de facilitar o surgimento do câncer.
Há doenças benignas que podem levar a infecções e alterações na boca que, se não tratadas, podem ocasionar a perda óssea, de tecido ou até a morte. Fique atento para infecções fúngicas ou bacterianas e má higiene oral. Há hipóteses em suas relações ao câncer bucal, mas são fatores que podem causar diversos outros problemas odontológicos.