Santos e cidades do litoral devem se preparar para a elevação das marés | Boqnews
Foto: Carlos Nogueira/Arquivo PMS

Meio Ambiente

30 DE DEZEMBRO DE 2023

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Santos e cidades do litoral devem se preparar para a elevação das marés

Professor da Unifesp/BS, Emiliano Castro, defende investimentos para minimizar os impactos ambientais, que serão inevitáveis

Por: Fernando De Maria

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Em novembro, a ONU – Organizações das Nações Unidas divulgou um estudo preocupante.

Cidades costeiras espalhadas pelo mundo serão as mais afetadas pelas mudanças climáticas decorrentes da elevação das marés.

Até 2050, algumas destas cidades perderão cerca de 5% de sua área.

E até 2100, 10%, afetando a vida de milhares de pessoas, com invasão do mar em áreas hoje ocupadas.

No Brasil, duas cidades se destacam no relatório da organização: Santos, no litoral paulista, e Rio de Janeiro.

Outros municípios também completam o cenário: Guayaquil (Equador); Barranquilla (Colômbia);  Kingston (Jamaica); Cotonou (Benin).

E ainda: Calcutá (Índia); Perth (Austrália); Newcastle (Austrália) e Sydney (Austrália).

Não bastasse, no caso de Santos, a cidade abriga o maior Porto da América do Sul, onde a dragagem se faz cada vez mais necessária para aprofundamento do calado para receber embarcações em expansão (mega navios).

Com o aumento do calado, crescem os impactos, especialmente na Ponta da Praia.

É como se fosse construir um castelo de areia.

Quanto maior a profundidade, maior o volume de areia movimentada e deslocada.

Assim, não bastasse, o mesmo ocorrerá na Zona Noroeste, onde há concentração de população mais vulnerável, especialmente residindo em palafitas, como no Dique da Vila Gilda e Vila Telma, por exemplo.

Quanto ao aprofundamento do canal, a meta da Autoridade Portuária é atingir 17 metros de profundidade

“Há a necessidade da busca de soluções modernas e sincronizadas para um novo procedimento da dragagem, inclusive envolvendo o Porto e a Cidade. E que isso contemple um processo de contenção costeira”, assegura o geólogo e professor do Departamento de Ciências do Mar e Instituto do Mar, Campus Baixada Santista UNIFESP, Emiliano Castro de Oliveira.

Conforme ele, há soluções tecnológicas e de engenharia já disponíveis.

Além disso, os resultados desta ação integrada envolvendo desenvolvimento e meio ambiente podem servir de modelo não só ao País, mas como exemplo de sustentabilidade no exterior.

“É um chance de promovermos o desenvolvimento sustentável”.

Oliveira participou do Jornal Enfoque desta quarta (28), onde falou sobre o tema.

Professor da Unifesp/BS, Emiliano Castro, falou da necessidade de investimentos para conter os impactos decorrentes das mudanças climáticas. Foto: Felipy Brandão

Ecobags

Durante o programa, o pesquisador ressaltou a importância da ampliação da instalação das  ecobags, fruto de parceria entre a Prefeitura de Santos, pesquisadores da Unicamp e o Ministério Público, que garantiu os recursos necessários para a ação (R$ 3 milhões).

Assim,  eles ajudam a evitar o desaparecimento, por exemplo, da faixa de areia restante da Ponta da Praia, no trecho em frente ao Aquário.

“Ela parou de desaparecer. E mantida esta ação, não deve ocorrer mais (o desaparecimento). Mas percebe-se nitidamente que a faixa de areia da praia da Aparecida está diminuindo. Lá não existem as ecobags”, salienta.

Ou seja, há necessidade de expansão da sua instalação.

O pesquisador destaca que os equipamentos instalados no fundo do mar não vão impedir a invasão da maré, mas diminuir seus impactos.

“As ecobags ajudam a reduzir a energia das ondas”, salienta o professor.

Ou seja, as ondas chegam com menor impacto à praia – e consequentemente – à avenida da praia e aos jardins diminuindo os riscos – ou deixando de provocar – de estragos, como já ocorrido.

Durante o programa, o professor também explicou as razões pelas quais as praias da Ponta da Praia e Aparecida estão ‘mais estreitas’, enquanto aos do Gonzaga, Pompeia e José Menino ‘engordam’.

Dessa forma, algumas intervenções ajudam a explicar este cenário.

Afinal, com a força dos ventos, a areia se desloca para outros trechos, mas encontra barreiras que provocam o acúmulo de areia.

Caso, por exemplo, do Emissário Submarino, no José Menino.

“Em ambos os lados, a faixa de areia está mais extensa”, destaca.

Os próprios seculares canais, criados por Saturnino de Brito, são uma intervenção que contribui para este cenário, assim como os jardins da praia.

“Eles funcionam como uma poupança de areia, mantendo o equilíbrio. Quando a maré sobe, a areia que chega aos jardins retorna à praia”, salienta.

Exemplo também ocorre com São Vicente.

Com a ligação da ilha de São Vicente com a Ilha Porchat, houve o natural engordamento da faixa de areia de parte da Praia do Itararé.

Outros temas

Durante o programa, o professor também falou sobre o atual cenário da Amazônia na gestão do presidente Lula e comparou o papel do governo atual em relação aos seus dois sucessores na área ambiental (Michel Temer e Jair Bolsonaro).

Além disso, citou a ausência de acordos e avanços na COP-28 realizada em Dubai no início de dezembro.

Por sua vez, defendeu a importância de parte dos lucros da Petrobras obtidos com a exploração de gás e petróleo serem revertidos em projetos de recuperação ambiental na Amazônia e no cerrado, por exemplo.

Confira o programa completo

 

Leia também: Santos pode ser invadida pela água do mar

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