Com a chegada do inverno e aqueles dias frios, chuvosos, diversas pessoas apresentam imunidade baixa, pois sofrem com dor de garganta, tosse, resfriado e entre outros sintomas. Por isso, é importante o entendimento de como essas doenças respiratórias de inverno podem afetar o sistema imunológico e o que fazer para auxiliar na prevenção.
Inverno
Segundo o médico infectologista, Evaldo Stanislau, as doenças respiratórias mais comuns no inverno podem ser divididas entre as doenças infecciosas respiratórias e doenças não infecciosas que acometem mais os adultos. “Entre as infecciosas, as principais são as doenças virais, sobretudo a gripe, o vírus influenza, o vírus SARS-CoV-2. Costuma aumentar nessa época por conta de mais confinamento e nós temos outros vírus como do resfriado comum, rinovírus e entre outros vírus respiratórios, meta metapneumovírus e bocavírus”.
Ele aborda que nas crianças o destaque é para o vírus sincicial respiratório que pode acometer também pacientes mais idosos.Neste ano, chama a atenção para surtos de coquelhuce, uma infecção bacteriana causada pela Bordetella Pertussis. “Doenças que mais comprometem os adultos nesta época do ano também são as doenças alérgicas. Lembrar de todas doenças, sobretudo, rinite, bronquite e asma, porque as pessoas começam a usar roupas que estavam guardadas e ficam mais expostas a potenciais alérgenos”.
Para as crianças, o alerta também é grande. A coordenadora da área de pediatria da Santa Casa de Santos, Bruna Giacomelli, cita que as doenças respiratórias das crianças são as mais frequentes pelas baixas temperaturas e maior tempo em lugares fechados, como as síndromes gripais, os resfriados comuns, as pneumonias e os processos alérgicos como rinite, asma e bronquite.
Assim como, ela informa que as doenças cursam na sua maior incidência de forma benigna, porém existem riscos sérios e é necessário conscientizar a população sobre os grupos de risco que são recém-nascidos, crianças alérgicas e crianças imunodeprimidas. Afinal, uma doença que ocorre de forma rápida e benigna pode causar sérios riscos de morte.
Sintomas
Em relação aos sintomas típicos dessas doenças e como os pais podem distingui-los de um resfriado comum, Bruna comenta que normalmente o resfriado comum é mais brando. A pneumonia costuma cursar com febre mais persistente com duração maior de três dias, elevada. Falta de ar, respiração mais rápida e queda do estado geral, quando a criança fica quieta, sonolenta e prostrada.
Já de acordo com Stanislau, os sintomas mais comuns das doenças respiratórias começam com o nariz escorrendo, a dificuldade para respirar, a dor de garganta, a tosse que pode ser seca, ou com secreção, febre, muitas vezes, baixa.
“As doenças mais severas no trato respiratório, além desses sintomas comuns, incluem febre alta, a tosse com mais secreção e a falta de ar, além de uma sensação sistêmica de que estou doente, grande mal estar, grande adinamia e dores musculares”.
Por isso, ele informa que toda vez que a pessoa tiver febre e grande mal estar, sensação que está doente, deve procurar uma orientação médica, sempre muito importante, sobretudo para pessoas mais vulneráveis como idosos e pessoas com doenças crônicas, pois isso pode ser sinal de uma doença mais grave.
Motivos
O médico infectologista explica que os fatores que contribuem para o aumento dos casos de doenças respiratórias são dois. “Temos como complicações das infecções virais, as infecções bacterianas, sobretudo a pneumonia pneumocócicas e outras infecções pneumocócicas como sinusite, otite e até mesmo a meningite. As doenças respiratórias aumentam nessa época do ano por duas razões principais. Primeiro: os quadros de confinamento, as pessoas ficam mais juntas com menos circulação de ar e janela fechada. E segundo, porque o mecanismo de defesa do epitélio respiratório, eles ficam prejudicados pelo frio e pelo clima mais seco, então favorece para que bactérias consigam penetrar no nosso trato respiratório”.
Ele aborda que as complicações mais sérias das doenças respiratórias são as infecções bacterianas secundárias, como as pneumonias bacterianas e até as pneumonias virais que podem trazer quadros de insuficiência respiratória. “A dificuldade para respirar e grande sensação de estar doente são sempre indicações para a pessoa ir ao médico, pois pode estar com alguma uma complicação e essas complicações se traduzem sobre a insuficiência respiratória, então a dificuldade grande de respirar, ou se por aquele aparelhinho de medir a oxigenação, ver que sua oxigenação está baixa”.
Crianças
A médica menciona que uma orientação para os pais protegerem seus filhos contra as doenças também muito usada na pandemia é a higiene das mãos, evitar lugares fechados e aglomerados, uma boa hidratação, uma alimentação natural e saudável. “Os pais devem procurar atendimento médico as crianças que evoluírem com falta de ar, febre que não cessa, prostração, recusa de líquidos. Sabemos que as vacinas do calendário do Ministério da Saúde são bem completas, e estar em dia com as vacinas são de suma importância. E ainda é preciso ser dito que existem algumas vacinas com maior cobertura também nas clínicas particulares”.
Stanislau complementa que sempre que for uma pessoa mais idosa, mais vulnerável, uma gestante, uma pessoa com doença crônica ou criança vale a pena passar por uma consulta médica, além deles qualquer pessoa que tenha falta de ar, febre muito alta e sensação grande de que está doente.
Aumentos
Sobre os atendimentos de pacientes com doenças respiratórias, Bruna afirma que os picos endêmicos de doenças respiratórias na região da Baixada Santista ocorre com o retorno às aulas, com as férias esse número caiu um pouco. “Lembrando que devemos sempre que estar com sintomas gripais, usar máscara, lavar bem as mãos e não frequentar lugares fechados por respeito ao próximo. Para os jovens pode ser só uma gripe, mas para um bebê recém-nascido ou um idoso pode ser uma doença fatal”.
O médico enfatiza que as doenças respiratórias aumentam sazonalmente, sempre é observado um aumento importante e que varia por região e faixa etária, normalmente nota-se um acréscimo maior na população pediátrica e geriátrica. São os pacientes que mais preocupam, mas de uma maneira geral, os casos aumentam nas faixas etárias.
Ambiente
Outro ponto importante é que uma vida desregrada, pouco sono, alimentação incorreta, sobrepeso, mal controle de condições crônicas de saúde prejudicam a saúde, o estilo de vida saudável e regrado pode ajudar bastante a evitar complicações. “O ambiente doméstico deve ser sempre limpo e é importante manter janelas abertas, um fluxo de ar contínuo, para que evite a possibilidade de uma exposição a patógenos que eventualmente estejam em suspensão no ar”.
Bruna ainda ressalta que as mudanças climáticas afetam as incidências de doenças respiratórias, pois a queda brusca de temperatura ou a subida rápida dela causa estresse onde o organismo fica sobrecarregado, ocasionando respostas imunes inadequadas. “Lembrando que após a pandemia os vírus e bactérias ressurgiram com maior viralidade ocasionando surtos graves de doenças respiratórias pelo enclausuramento social”.
Stanislau completa que as mudanças climáticas favorecem as doenças infecciosas, porque deixam o epitélio respiratório mais suscetível e com menos mecanismos de defesa, a hidratação e o uso do soro fisiológico nasal para ajudar a remover sujeiras são formas de evitar que estes tipos de situações ocorram.