Setembro Amarelo: Uma vida que pode salvar diversas outras | Boqnews
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

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14 DE SETEMBRO DE 2024

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Setembro Amarelo: Uma vida que pode salvar diversas outras

Especialistas explicam os desafios e importância da campanha do Setembro Amarelo

Por: Vinícius Dantas
Da Redação

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Falar sobre depressão e suicídio pode parecer difícil, mas é um ponto principal para ajudar a salvar muitas vidas e diversas pessoas que estão sofrendo mentalmente e fisicamente. Com isso, o Setembro Amarelo visa a conscientização para a prevenção ao suicídio.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) todos os anos há o registro para mais de 700 mil suicídios ao redor do mundo. No Brasil, chegam à 14 mil casos por ano, atingindo uma média de 38 suicídios por dia.

Uma pesquisa da plataforma Neurotech Sapien Labs apresentou que o Brasil tem a quarta pior taxa de saúde mental do planeta. Com a nota 53 de um total de 110, o país ficou na frente apenas da África do Sul (50), Reino Unido (49) e Uzbequistão (48).

Além disso, o tema da campanha desse ano é ‘Se precisar, peça ajuda!’. O Centro de Valorização da Vida (CVV) trabalha de forma voluntária para a prevenção do suicídio. A ligação para o CVV telefone pode ocorrer em qualquer lugar do Brasil e 24 horas por dia, o número do telefone é 188.

 

Importância

A psicóloga Mariângela Fortes comenta sobre a importância do Setembro Amarelo na conscientização sobre a saúde mental e prevenção do suicídio. “A importância está na campanha em si, em falar sobre o suicídio abertamente e claramente, derrubar tabus sobre esse assunto que é delicado, mas real”.

Ela conta que o objetivo da campanha na promoção da saúde mental é a prevenção, assim levando informação, como possíveis sintomas, um olhar atento aos sinais e disponibilizar ajuda de forma efetiva e real.

Segundo o psicólogo clínico, Luti Christóforo, a campanha é crucial para a conscientização sobre a prevenção do suicídio, cujo objetivo principal é educar a sociedade sobre a importância da saúde mental e a necessidade de intervenção precoce. “Além de combater o estigma que envolve transtornos mentais, a campanha promove o acesso à informação, mostrando que o suicídio pode ser prevenido com a busca por ajuda profissional, como a psicoterapia, e o apoio social”.

 

 

Trabalho

Um fator interessante é como um psicólogo pode ajudar pessoas que estão enfrentando pensamentos suicidas durante este mês tão importante como todos os outros.

“Nós psicólogos atuantes, nos deparamos com pessoas que possuem pensamentos suicidas, mesmo que nem elas deem esse nome, todos os dias. Estamos prontos e treinados a ter olhos para ver, entender, esclarecer e mostrar caminhos diferentes do suicídio para aliviar e até tratar essa dor, muitas vezes insuportáveis ao indivíduo que nos procura ou é levado”, expõe a psicóloga.

Já Christóforo menciona que profissionais enfrentam desafios como o estigma em torno dos transtornos mentais, que muitas vezes impede as pessoas de buscarem ajuda. Além disso, há dificuldades no acesso a serviços especializados, sobrecarga de trabalho e a constante necessidade de atualizações. “A psicoterapia, quando acessível, é uma ferramenta poderosa para prevenir o suicídio, mas é necessário um suporte contínuo e multidisciplinar, que muitas vezes esbarra em limitações financeiras e estruturais.”

 

Sinais

Como todo cuidado é pouco, existem alguns sinais de alerta que todos devem estar atentos em relação à saúde mental durante esse período.

Desse modo, Mariângela informa que é importante conseguir aprender a ler esses sinais. São eles: Isolamento social, fuga para games/celulares e se afastar do convívio familiar e social.

Christóforo completa que sinais de alerta incluem sentimentos persistentes de tristeza, desesperança, isolamento social, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, alterações no apetite e no sono, perda de interesse em atividades e expressões de pensamentos suicidas ou autodestrutivos.

  • Ambiente familiar: Um parente que se isola ou que apresenta alterações bruscas de comportamento e irritabilidade pode estar passando por um transtorno mental.
  • No trabalho: Baixa produtividade, absenteísmo e desmotivação são sinais importantes. Um colega que sempre foi participativo, mas que passa a se ausentar ou apresentar desempenho abaixo do esperado, pode precisar de apoio.
  • Escolas: Em crianças e adolescentes, dificuldades de concentração, queda no rendimento escolar, comportamentos agressivos ou retraídos podem indicar problemas de saúde mental.

“A identificação desses sinais deve levar ao incentivo à psicoterapia, que oferece um espaço seguro para o indivíduo se expressar, compreender suas dificuldades e construir estratégias de enfrentamento”.

 

Como apoiar a causa?

A psicóloga cita alguns recursos e atividades para apoiar a causa. Ela aborda que é necessário falar sobre o tema e promover palestras em empresas, escolas, grupos de pais e professores. “Sem saúde mental não há saúde, é também uma questão de saúde pública que vai além de divulgação de lacinhos amarelos. Temos uma crise imensa mundial de saúde mental em curso e estamos como humanidade, como governos, pais, professores, amigos, imprensa, todos falhando nesses cuidados”.

Como tratar?

Segundo o psicólogo, as causas desses pensamentos suicidas podem incluir depressão, transtornos de ansiedade, traumas, perdas significativas, problemas financeiros, abuso de substâncias e sentimentos de desesperança.

Confira abaixo algumas maneiras de enfrentar estes pensamentos:

  • Tratamento clínico: A psicoterapia é essencial para tratar a raiz desses pensamentos, ajudando a pessoa a reorganizar suas emoções e encontrar novas formas de lidar com a dor. Em muitos casos, o tratamento psiquiátrico com medicação é necessário para estabilizar o humor e reduzir os sintomas.
  • Aspecto social e familiar: A presença e o apoio de familiares e amigos são fundamentais. Criar um ambiente de acolhimento, incentivar a busca por tratamento psicológico e estar presente, sem julgamento, pode salvar vidas.
  • Estratégias eficazes: Estabelecer um plano de segurança, buscar psicoterapia, trabalhar habilidades de resiliência, e desenvolver uma rede de apoio que inclua profissionais e entes queridos são medidas que fortalecem a pessoa emocionalmente, dando-lhe novas perspectivas e alívio das dores emocionais.

 

 

Tecnologia

Com a chegada da tecnologia e o contato diariamente com ela, é importante atenção para auxiliar e tratar desse tema com tantos recursos. Inclusive, a Inteligência Artificial tá sendo um dos assuntos em debate atualmente.

Segundo Mariângela, a tecnologia, quando bem usada é uma excelente aliada nos cuidados e auto cuidados, mas em casos extremos, ela não acredita que seja o melhor caminho para que uma pessoa com tendência suicida usar para tratamento.

Contudo, como alívio pode ser e o ser humano quer sentir-se aceito, ouvido, compreendido, tocado ou amado.

De acordo com o psicólogo, a tecnologia oferece tanto desafios quanto oportunidades. Os pontos positivos são acesso a conteúdos educativos sobre saúde mental, aplicativos de meditação, fóruns de apoio e a possibilidade de atendimento psicológico online, que amplia o acesso ao tratamento. Porém os negativos são o uso excessivo podendo aumentar o isolamento, comparações sociais e sentimentos de inadequação, principalmente nas redes sociais.

“É importante equilibrar o uso da tecnologia e buscar conteúdos que promovam o bem-estar. Psicoterapia e intervenções digitais podem andar lado a lado para oferecer suporte contínuo”.

 

 

CVV

Sobre a missão principal do CVV e como a organização atua na prevenção do suicídio e apoio emocional, o voluntário do CVV Santos, Alex Tozzi aborda que o objetivo é valorizar a vida e contribuir para que as pessoas tenham uma vida mais plena e, consequentemente, prevenir o suicídio. Atuando oferecendo a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

Os critérios para participar do voluntariado é ter mais de 18 anos, participar de um curso gratuito de capacitação de voluntários e disponibilidade para fazer um plantão semanal de 4 horas.

Desafios

Com relação aos desafios mais comuns que o CVV enfrenta no atendimento a pessoas em depressão, ele cita que é ter voluntários para que a outra pessoa espere o menor tempo possível para ser atendida. Assim, o convite para que novas pessoas se tornem voluntárias.

Desse modo, ele explica que o CVV se reúne periodicamente para conversar em pequenos grupos sobre os atendimentos que a organização possui e que, por vezes, nos vulnerabilizam, a fim de lidar com essa ampla gama de situações emocionais.

 

Campanhas

O voluntário também abordou sobre os impactos das campanhas de conscientização, como o Setembro Amarelo, na demanda por serviços do CVV e na eficácia das suas atividades. “Dependendo da divulgação desse mês específico, podemos ter um acréscimo de 50% a mais em nossas chamadas. E a eficácia, às vezes, vem em uma chamada de agradecimento por estarmos ali, nesse momento difícil da outra pessoa que nos procurou”.

Tozzi comenta que são atendidas cerca de 3 milhões de pessoas anualmente e os motivos são os mais variados. “Especialmente, a solidão, o não pertencimento, o estar junto de várias pessoas, como familiares e amigos, mas sentir-se sozinho, desacolhido”.

Além disso, o papel das outras instituições é colaborar para que a sociedade como um todo reflexione mais sobre as dores emocionais das pessoas, tendo um pouco mais de atenção e carinho com quem está próximo de nós.

Sobre o que as pessoas que desejam ajudar o CVV devem fazer, seja como voluntários ou doadores, poderão se inscrever pelo site cvv.org.br e também nesse site, há a possibilidade de contribuir financeiramente para que essa missão se efetive cada vez mais, contribuindo para uma sociedade mais acolhedora e fraterna.

Maiores informações estão no site eletrônico e nas redes sociais.

Desse modo, a campanha do Setembro Amarelo possui um papel fundamental ao conscientizar sobre a importância da saúde mental e prevenção do suicídio.

Assim, esta iniciativa colabora para reduzir a marca em torno das doenças mentais, dando auxílio e esperança às pessoas que enfrentam os desafios emocionais. Também é válido ressaltar que a saúde mental é uma prioridade que deve ser abraçada durante o ano inteiro.

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