Espera para cirurgia em câncer de próstata chega a 5 anos, alerta urologista | Boqnews
Médico Eloi Moccellin . Reprodução Boqnews TV

Novembro Azul

08 DE NOVEMBRO DE 2023

Siga-nos no Google Notícias!

Espera para cirurgia em câncer de próstata chega a 5 anos, alerta urologista

Médico Eloi Moccellin alertou sobre a necessidade de homens acima dos 40 anos já procuraram o urologista para realização de exames

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

A pandemia da Covid-19 contribuiu para aumentar o tempo de espera para intervenções cirúrgicas.

No caso do câncer de próstata, alvo do Novembro Azul, isso pode chegar a 5 anos.

A avaliação é do médico urologista e coordenador do Setor de Urologia da Santa Casa de Santos, Eloi Moccellin.

Ele fez o alerta sobre o assunto durante o Jornal Enfoque desta quarta (8), cujo tema central foi o Novembro Azul.

“O câncer de próstata cresce lentamente. Uma demora de um, dois anos pode levar a perda da chance de curar o paciente. Assim, restam apenas os tratamentos paliativos”, lamenta.

Assim, a melhor alternativa é a prevenção, onde o homem deve procurar atendimento a partir dos 45 anos (raça negra e/ou com histórico familiar) e 50 anos (nos demais casos).

No entanto, o atendimento antecipado deve ser levado em consideração.

“Eu já costumo pedir exames (de PSA – Antígeno Prostático Específico) para pacientes a partir dos 40 anos”.

PSA

Aliás, o PSA é fundamental para monitorar o paciente, mas o toque retal é fundamental para tirar qualquer dúvida e evitar riscos.

“Nem todos os tumores são identificados por meio do exame do PSA”, alerta.

Ou seja, pelo menos 1% dos casos não é de visualização se há ou não presença de células cancerígenas apenas pelo exame de sangue.

Além disso, Moccellin enfatiza a importância da vacina contra o HPV, hoje distribuída gratuitamente na rede pública de saúde.

Apesar de ser mais associado às meninas, a vacina também deve ser aplicada em jovens do sexo masculino, especialmente entre 9 a 14 anos.

Afinal, ela combate o câncer de pênis, cujo volume de casos tem crescido – e muitas vezes, a última alternativa é a retirada do membro.

“É uma doença extremamente agressiva. E os casos têm crescido em razão da falta de higiene e da pobreza extrema”, lamenta.

Os exames de toque retal e PSA ainda são fundamentais para o rastreamento do câncer de próstata, e todo homem acima de 40 anos deve consultar-se com um urologista pelo menos uma vez ao ano. O Novembro Azul surge para alertar sobre a doença. Foto: Divulgação

Rede hospitalar

Hoje, o atendimento em caso de intervenções cirúrgicas via SUS ocorre em hospitais como a Santa Casa, Beneficência Portuguesa, Santo Amaro (em Guarujá), e Hospital Guilherme Álvaro na Baixada Santista.

No entanto, a demanda tem crescido.

Dessa forma, o volume de atendimento tem sido insuficiente para atender a demanda crescente.

Por exemplo, no triênio 2020/2022, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimava que para cada ano daquele triênio, 65.840 novos casos de câncer de próstata seriam registrados no Brasil – 60 por dia.

Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens.

O câncer de próstata ocorre principalmente em homens idosos.

Afinal, seis em cada 10 casos são diagnosticados em homens com mais de 65 anos, sendo raro antes dos 40 anos.

Alguns fatores contribuem, como a raça e se há histórico familiar.

Dessa maneira, a média de idade no momento do diagnóstico é de 66 anos.

O câncer de próstata é a segunda principal causa de morte por câncer em homens, atrás do câncer de pulmão.

A cada 41 homens, pelo menos 1 morrerá de câncer de próstata.

24 horas

“O acelerador linear da Santa Casa funciona de forma ininterrupta. Já estamos pensando até na compra de um segundo equipamento”, diz.

No entanto, recursos são fundamentais para ampliação da capacidade de atendimento na rede pública para diminuir o tempo de espera dos casos graves.

E isso nem sempre é possível.

“A tabela SUS, do Governo Federal, está muito defasada”, enfatiza Moccellin, também presidente do Sindicato dos Médicos de Santos.

Assim, a expectativa está no SUS Paulista, uma tabela complementar lançada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em agosto último.

Dessa forma, o objetivo é beneficiar 354 hospitais em todas as regiões do estado, especialmente as Santas Casas, entidades filantrópicas e autárquicas.

Estes equipamentos representam hoje 50% do atendimento hospitalar no sistema único de saúde paulista.

Dessa forma, estão as cirurgias de apêndice.

Elas passarão de R$ 414,62 para R$ 1.865,79, e de vesícula (colecistectomia), de R$ 996,34 para R$ 4.483,53.

Alerta em relação aos planos de saúde

Moccellin também se mostrou preocupado com o cenário financeiro de planos de saúde.

Aliás, ele esteve recentemente em um congresso na Capital e ficou preocupado com o cenário apresentado.

“Os convênios estão passando por uma crise preocupante. Vários deverão quebrar nos próximos dois anos”, salienta o dirigente sindical.

Dessa forma, se isso se concretizar, haverá o aumento natural da demanda de pacientes da rede conveniada (saúde complementar) para o SUS, incrementando ainda mais a base de pessoas que passarão a ser atendidas na rede pública.

“Infelizmente, o dinheiro é mal investido na saúde. É um buraco sem fundo”, lamenta.

Como presidente do sindicato, ele reclama da explosão de cursos de Medicina e de projetos como o Mais Médicos, do Governo Federal, sem que haja a criação de uma carreira para estes profissionais, como ocorre com juízes, defensores públicos e promotores.

Recentemente, o programa foi reaberto pelo presidente Lula, com a contratação de 15 mil médicos para atuação no SUS.

Confira o programa completo

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.