Enquanto Brasília ferve com os sucessivos escândalos que atingem o Palácio do Planalto, discussões importantes na Câmara dos Deputados e no Senado ficaram para o segundo plano, especialmente a reforma política, tão defendida em frente às câmeras e nunca colocada em prática em razão dos interesses que muitos têm em deixar tudo como está.
Afinal, uma alternativa viável e que conta com apoio com quase 215 mil brasileiros em uma petição pública (basta acessar www.euvotodistrital.org.br) permite ao eleitor exigir mudanças nesta prática.
O voto distrital – que limita a área de atuação dos candidatos ao Legislativo – diminui os custos de campanhas, o que, de certa forma, exigem menos recursos e riscos menores de financiamento via caixa 2, praga habitual nas campanhas eleitorais da maioria dos candidatos, muitas vezes feitas até a pedido dos colaboradores ocultos.
Por exemplo, a Baixada Santista tem 4% do eleitorado. Assim, este percentual seria o equivalente ao total de vagas disponíveis na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. Deve-se salientar também que se esta proposta passasse a vigorar, São Paulo teria quase o dobro das 70 cadeiras atuais diante da representatividade do eleitorado que o Estado tem em relação aos demais.
Não há, porém, interesse, especialmente das bancadas de parlamentares do Norte e Nordeste em alterar esta proporção. Afinal, se houvessem mais vagas para deputados paulistas, eles seriam os principais prejudicados. Alguém crê que eles votariam algo contrário aos seus interesses?
Assim, é justa a reivindicação do prefeito de Praia Grande e presidente do Condesb, Alberto Mourão, de pressionar os parlamentares eleitos que não são da Baixada Santista, mas tiveram votações expressivas por aqui, para ajudar a população local com emendas parlamentares.
Pelo menos 46 dos 70 deputados federais paulistas eleitos e 39 dos 94 parlamentares da Assembleia Legislativa receberam votos de eleitores da Baixada. A indagação é clara: o que eles deram como retorno à população da Baixada em troca dos votos recebidos?
Certamente, no próximo ano, eles – assim como centenas de outros – estarão de volta pedindo votos, fazendo promessas, posando para fotos e compondo com políticos e lideranças. Ganham os votos e depois vão embora, retornando quatro anos depois.
Se o voto distrital já vigorasse, a história seria outra. Cabe, portanto, a conscientização das pessoas na hora de escolher seus representantes, assim com os políticos. Afinal, 70% dos entrevistados não lembram em quem votaram para os cargos do Legislativo após semanas da eleição. A fraca memória do eleitor ajuda no descompromisso do parlamentar veranista, que só aparece por aqui para curtir os votos recebidos…
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